quarta-feira, 22 de maio de 2013

Osumarê + Itan


É a grande cobra que morde a cauda, representando a continuidade do movimento e do ciclo vital. A cobra é dele e é por isso que no Candomblé não se mata cobra. Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida. 
A comunicação entre o céu e a terra é garantida por Oxumarê. Leva a água dos mares, para o céu, para que a chuva possa formar-se - é o arco-íris, a grande cobra colorida. Assegura comunicação entre o mundo sobrenatural, os antepassados e os homens e por isso à associa do ao cordão umbilical.
Conta-se sobre ele que, como cobra, pode ser bastante agressivo e violento, o que o leva a morder a própria cauda. Isso gera um movimento moto-contínuo pois, enquanto não largar o próprio rabo, não parará de girar, sem controle. Esse movimento representa a rotação da Terra, seu translado em torno do Sol, sempre repetitivo- todos os movimentos dos planetas e astros do universo, regulados pela força da gravidade e por princípios que fazem esses processos parecerem imutáveis, eternos, ou pelo menos muito duradouros se comparados com o tempo de vida médio da criatura humana sobre a terra, não só em termos de espécie, mas principalmente em termos da existência de uma só pessoa. Se essa ação terminasse de repente, o universo como o entendemos deixaria de existir, sendo substituído imediatamente pelo caos. Esse mesmo conceito justifica um preceito tradicional do Candomblé que diz que é necessário alimentar e cuidar de Oxumarê muito bem pois, se ele perder suas forças e morrer, a conseqüência será nada menos que o fim da vida no mundo. 
Seu domínio se estende a todos os movimentos regulares que não podem parar, como a alternância entre o dia e a noite, o bom e o mal tempo (chuvas) e entre o bem e o mal (positivo e negativo). 
Enquanto o arco-íris traz a boa notícia do fim da tempestade, da volta do sol, da possibilidade de movimentação livre e confortável, a cobra é particularmente perigosa para uma civilização das selvas, já que ela está em seu habitat característico, podendo realizar rápidas incertas. 
Pierre Verger acrescenta que Oxumarê está associado ao misterioso, a tudo que implica o conceito de determinação além dos poderes dos homens, do destino, enfim: É o senhor de tudo o que é alongado. O cordão umbilical, que está sob seu controle, é enterrado geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore.

Itan


Orixá do arco-íris !!!

Certa vez, Xangô viu Oxumarê passar, com todas as cores de seu traje e todo o brilho de seu ouro. Xangô conhecia a fama de Oxumarê não deixar ninguém dele se aproximar. Preparou então uma armadilha para capturar Oxumarê. Mandou uma audiência em seu palácio e, quando Oxumarê entrou na sala do trono, os soldados chamaram para a presença de Xangô e fecharam todas as janelas e portas, aprisionando Oxumarê junto com Xangô. Oxumarê ficou desesperado e tentou fugir, mas todas as saídas estavam trancadas pelo lado de fora.
Xangô tentava tomar Oxumarê nos braços e Oxumarê escapava, correndo de um canto para outro. Não vendo como se livrar, Oxumarê pediu a Olorum e Olorum ouviu sua súplica. No momento em que Xangô imobilizava Oxumarê, Oxumarê foi transformado numa cobra, que Xangô largou com nojo e medo. 
A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos. Havia uma pequena fresta entre a porta e o chão da sala e foi por ali que escapou a cobra, foi por ali que escapou Oxumarê. 
Assim livrou-se Oxumarê do assédio de Xangô. Quando Oxumarê e Xangô foram feitos Orixás, Oxumarê foi encarregado de levar água da Terra para o palácio de Xangô no Orum (céu), mas Xangô não pôde nunca aproximar-se de Oxumarê.

Como Oxumarê Serve À Oxum e Xangô

Quando xangô e Oxum quiseram se casar, perceberam que seria difícil viverem juntos, pois a casa de Oxum era no fundo do rio e xangô morava por cima das nuvens. então, resolveram arranjar um criado que facilitasse a comunicação entre os dois. falaram com Oxumarê, que aceitou servir de mensageiro entre eles. só que, durante a metade do ano em que é o arco- íris, Oxumarê levava as águas de Oxum para o céu; não chovia e a terra ficava seca. por isso, Oxumarê resolveu que, nos seis meses em que fosse cobra, deixaria o serviço. nesse período, xangô precisa descer até Oxum, e então acontecem os temporais da estação das chuvas.

Como Oxumarê Se Tornou Rico.

Oxumarê era o babalaô da corte de um rei que, embora fosse rico e poderoso, não pagava bem seu sacerdote, que vivia na pobreza. certo dia, Oxumarê perguntou a ifá o que fazer para ter mais dinheiro; ifá disse que, se ele lhe fizesse uma oferenda, ele o tornaria muito rico. Oxumarê preparou tudo como devia mas, no meio do ritual, foi chamado ao palácio. não podendo interromper o ritual, ele não foi; então, o rei suspendeu seu pagamento. quando Oxumarê pensava que ia morrer de fome, a rainha do reino vizinho chamou-o para tratar seu filho doente e, como Oxumarê o salvou, a rainha pagou-o muito bem. com medo de perder o adivinho, o rei lhe deu ainda mais riquezas, e assim se cumpriu a promessa de ifá.



Itan?

Itan (nome singular e plural) é o termo em iorubá para o conjunto de todos os mitos, canções, histórias e outros componentes culturais dos iorubás. Os iorubás que aceitam o itan como facto histórico, confiam no itan como sendo a verdade absoluta na resolução de disputas. Os itan são passados oralmente de geração a geração.

sábado, 18 de maio de 2013

ÀDÚRÀ TI ÒRÚNMÌLÀ



Òrúnmìlà Ajànà
Òrúnmìlà Ajànà
Ifá Olókun
Ifá Okókun
A sòrò dayò
Que faz o sofrimento tornar-se alegria
Eléri ìpín
O testemunho do destino
Okìtìbíri ti npa ojó ikú dà
O poderoso que protela o dia da morte
Òrúnmìlà jíre lóni.
Òrúnmìlà você acordou bem hoje?





Bibliografia consultada referente aos Àdúràs constantes nesse blog:   
 Tradução Professor: Marcelo Monteiro
                                               Oloye Asogun Odearaoffa
                                    Omo-Awo Ifafunké
                                       Presidente CETRAB

ÀDÚRÀ TI ÒÒSÀÀLÁ



Bàbá esá rè wa
Pai dos ancestrais, venha nos trazer boa sorte
Ewa agba awo a sare wa
. Belo ancião do mistério, venha depressa
A je águtan
Comedor de ovelha
A sare wa ewa agba awo
Venha depressa belo ancião do mistério
Iba Òrìsà yin agba ògìnyòn.
Saudações Orixá escute-me ancião comedor de inhame pilado.

ÀDÚRÀ TI YEMONJA



Yemonja gbé rere ku e sìngbà
Yemonja, traz boa sorte repentinamente retribuindo
Gbà ní a gbè wí
Receba-nos e proteja-nos em vosso rio
To bo sínú odò yin
Cultuamos-vos sufientimente em vosso rio
Òrìsà ògìnyón gbà ní odò yin.
Orixá comedor de inhames novos, receba-nos em vosso rio.

ÀDÚRÀ TI ÒBÀ


Òbà mo pe o o
Òbà eu te chamo
Òbà mo pe o o
Òbà eu te chamo
Sare wa je mi o
Venha logo me atender
Òbà ojowu aya Sàngó sare
Òbà, mulher ciumenta esposa de Sàngó, venha correndo
Wa gbo àdúrà wa o
Ouvir a nossa súplica
Enì n wa owó, ki o fún ni owó
A quem quer dinheiro, dá dinheiro
Enì n wa omo, ki o fún ni omo
A quem quer filhos, dá filhos
Enì n wa àláfíà, ki o fún ni àláfíà
A quem quer saúde, dá saúde
Sare wa je mi o.
Venha logo me atender.

ÀDÚRÀ TI ÒSÚN



E njì tenú ma mi o
Vós que gentilmente me dá muitos presente
Tenú màmà ya
Calmamente sem aflição
Ìyá Ìbejí di Lógun àyaba omi ro
Mãe dos gêmeos que vem a ser mãe de Lógun, Rainha das águas pingando
Ìbejì kórì ko jo
Os gêmeos adornam vários k’òrì sem queimar
Àyaba ma pákútá màlà ge sá
Rainha me faz guisado em pequenas panelas deslumbrantemente corte com
espada
Iya mi yèyé (Òsogbo/Ipondá/Opara/Kare).
Me encaminhe mamãe querida de (Òsogbo/Ipondá/Opara/Kare).

ÀDÚRÀ TI OYÁ



E ma odò, e ma odò
Eu vou ao rio, eu vou ao rio
Lagbó lagbó méje
Do seu modo encontrado nos arbustos reparte em sete
O dundun a soro
Vós que fala através do Dundun
Balè hey.
Tocando o solo te saúdo.

ÀDÚRÀ TI SÒNGÓ


Oba ìró l’òkó
Rei do Trovão
Oba ìró l’òkó
Rei do Trovão
Yá ma sé kun ayinra òje
Encaminha o fogo sem errar o alvo, nosso vaidoso Òje
(Aganju/Ogodo/Afonjá) òpó monja le kòn
(Aganju/Ogodo/Afonjá) alcançou o Palácio Real
Okàn olo l’Oyá
Ùnico que possuiu Oyá
Tobi fori òrìsà
Grande Líder dos Orixás
Oba sorun alá alàgba òje
Rei que conversa no céu e que possui a honra dos Òje
Oba sorun alá alàgba òje
Rei que conversa no céu e que possui a honra dos Òje

ÀDÚRÀ TI ÒSÙMÀRÈ



Òsùmàrè e sé wa dé òjò
Òsùmàrè é quem nos traz a chuva
Àwa gbè ló sìngbà opé wa
Nós a recebemos e retribuímos agradecidos
E kun òjò wa
É o bastante a chuva para nós
Dájú e òjò odò
Certamente vossa chuva é o rio
Dájú e òjò odò s’àwa
Certamente vossa chuva é o rio, para nós.

ÀDÚRÀ TI NÀNÁ



E kò odò, e kò odò fó
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
E kò odò, e kò odò fó
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
E kò odò, e kò odò fó
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
E kò odò, e kò odò fó
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
Kò odò, kò odò, kò odò e
Encontro no rio, encontro no rio, encontro-lhe no rio
Dura dura ní kò gbèngbè
Esforçando-me para não afundar na travessia do grande rio
Mawun awun a tì jô n
Lentamente como uma tartaruga trancada suplicando perdão
Saluba Nana, saluba Nàná, saluba.
Saluba Nàná, saluba Nàná, saluba.

ÀDÚRÀ TI YÈWÁ



Pèlé ‘nbo Yèwá a níre o
Delicadamente cultuamos Yèwá por estarmos felizes
Pèlé ‘nbo Yèwá a níre o
Delicadamente cultuamos Yèwá por estarmos felizes
Òrìsà yin a ‘nbo Yèwá
Orixá estamos cultuando-vos Yèwá
Yèwá a níre o
Yèwá estamos felizes.

ÀDÚRÀ TI OMOLÚ



Omolú ìgbóná ìgbóná zue
Omolú, Senhor da Quentura
Omolú ìgbóná ìgbóná zue
Sempre febril produz saúde
Eko omo vodun maceto
Educa o filho Vodun Maceto
Eko omo vodun na je
Vodun educa o filho castigando
Ìjòni le o Nàná
Nàná ele é capaz de provocar queimaduras
Ìjòni le o Nàná ki mayò
Ele é capaz de provocar queimaduras, Nana, e se enche de alegria
Nàná ki mayò ki n a lode
Nana ele se enche de alegria do lado de fora
Fèlèfèlè mi igba nlo, ajunsun wale
És capaz de fazer definhar em vida, Ajunsun, até secar
Meré-meré e no ile isin
Habilmente ele enche a nossa casa de escravos
Meré-meré e no ile isin
Habilmente ele enche a nossa casa de escravos
E n sinbe meré-meré osú láyò
Primeiramente o erguemos habilmente osú que cobre a terra
E n sinbe meré-meré osú láyò
Primeiramente o erguemos habilmente osú que cobre a terra
Oba alá tun zue obi osùn
Rei que nasceu como o sol, Pai do Vermelho
Oba alá tun zue obi osùn
Rei que nasceu como o sol, Pai do Vermelho
Iya lóni
Neste dia
Otù, àkóba, bi ìyá, húkó, káká, beto
Doença, infelicidade, sofrimento, tosse, dificuldades, aflição
Otun zue, obi, osùn
Suplico-lhe diariamente, Pai do Vermelho
Bara ale so ran ale so ran
Rei do corpo suplico-lhe rastejando
Bara otun zue obi osùn
Rei do corpo suplico-lhe diretamente, Pai do vermelho

ÀDÚRÀ TI ÒSÓNYÌN




Meré-meré Òsónyìn ewé o e jìn
Habilmente Òsónyin as folhas vós destes
Meré-meré Òsónyìn ewé o e jìn
Habilmente Òsónyin as folhas vós destes
Meré-meré ewé o e jìn ngbe non
Habilmente as folhas vós destes secas no caminho
Meré-meré ewé o e jìn ngbe non
Habilmente as folhas vós destes secas no caminho
E jìn meré-meré Òsónyìn wa le
Vós deste habilmente Òsónyìn a nós a magia

ÀDÚRÀ TI ODE



Pa kó tòrí san gbo dídé, (aja in pa igbó)
Fisga, mata e arrasta ferozmente sua presa, (o cão morto na floresta)
Ode aróle o
Ele é o caçador herdeiro
Aróle o oni sa gbo olówo
Hoje o herdeiro exibe sua riqueza
Ode aróle o nkú lode
Ele é o caçador herdeiro que tem o poder de atrair a caça para a morte.

ÀDÚRÀ TI ÒGÚN




Ògún dà lé ko
Ògún constrói casa sozinho
Eni adé ran
A mando do Rei
Ògún dà lé ko
Ògún constrói casa sozinho
Eni adé ran
A mando do Rei
Ògún to wa do
Basta Ògún, nas instalação de nosso vilarejo
Eni adé ran
A mando do Rei
Ògún to wa do
Basta Ògún, na instalação de nosso vilarejo
Eni adé ran
A mando do Rei

ORÍKÌ TI ÈSÚ



Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú láaróyè, Èsú láaróyè
Èsú láaróyè, Èsú láaróyè
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú Láàlú Ogiri Òkò Ebìtà Okùnrin
Èsú Láàlú Ogiri Òkò Ebìtà Okùnrin
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú òta òrìsà
Èsú inimigo de Orixá
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Osétùrá l’oruko bàbá mó ó
Oxeturá é o nome pelo qual é chamado por seu pai
Alágogo ìjà l’oruko ìyá npè o
Alágogo Ìjà, é o nome pelo qual sua mãe o chama
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú Òdàrà, omokùnrin Ìdólófin
Èsú bondoso, filho homem da cidade de Ìdólófìn
O lé sónsó sórí orí esè elésè
Aquele que tem a cabeça pontiaguda fica no pé das pessoas
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Kò jé, kò jé kí eni nje gbe e mì
Não come e não permite que ninguém coma ou engula o alimento
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
A kìì lówó láì mu ti Èsú kúrò
Quem tem riqueza reserva para Èsú a sua parte
A kìì láyò láì mu ti Èsú kúrò
Quem tem felicidade reserva para Èsú a sua parte
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Asòntún se òsì láì ní ítijú
Fica dos dois lados sem constrangimento
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú àpáta somo olómo lénu
Èsú, montanha de pedras que faz o filho falar coisas que não deseja
O fi okúta dípò iyó
Usa pedra em vez de sal
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Lóògemo òrun a nla kálù
Indulgente filho do céu cuja grandeza está em toda a cidade
Pàápa-wàrá, a túká máse sà
Apressadamente fragmenta o que não se junta nunca mais
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú máse mi, omo elòmíran ni o se
Èsú não me faça mal, manipule o filho do outro
Èsú máse, Èsú máse, Èsú máse
Èsú não faça mal, Èsú não faça mal, Èsú não faça mal
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti

Bori

Da fusão da palavra Bó, que em Ioruba significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça, surge o termo Bori, que literalmente traduzido significa “ Oferenda à Cabeça”
Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu Bori é (Iésè órìsà).
Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. 
Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas dos outros. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.
Exú, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajetória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido.
Os mais antigos souberam que Ajalá é o Orixá FunFun responsável pela criação de Orí. Desta forma, ensinaram-nos que Oxalá deve ser sempre evocado na cerimónia de Bori. 
Iemanjá é a mãe da individualidade, e por essa razão está diretamente relacionada com Orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual.
A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando-se como sinônimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direções.
OJUORI – A TESTA
ICOCO ORI – A NUCA
OPA OTUM – O LADO DIREITO
OPA OSSI – O LADO ESQUERDO
Desta mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, este e oeste; o centro é a referencia, logo, todas as pessoas se devem colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os quatro pontos cardeais: os caminhos a escolher e a seguir. A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições.

O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.
É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. 
A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.
O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada, simbolizam a fartura e a riqueza.
O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se espera que dê bons frutos.
Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser, proporciona-as aos seus filhos.
Nunca se esqueça: Orixá começa com Orí.

Igba Orixa

Igba orixa, ibá orixa ou simplesmente ibá é o nome dos assentamentos sagrados dos orixás na cultura nago, onde são colocados apetrechos e fetiches inerente a cada um deles na feitura de santo. Ao lado de cada um dos igbas encontramos talhas, quartinhas e quartiões, que devem conter o líquido mais precioso da vida chamado pelo povo do santo de omin (água).
Cada igba orixa é uma representação material e pessoal, simbolizando a captação de energia oriundo da natureza, ligado aos orixás correspondentes e sempre emanando energias para seus adeptos e crentes.

Efun, Osun e Waji

Gostaria de informar que existem diferenças entre efun e pemba, osùn e urucum, wàji e anil, estes primeiros facilmente importados do continente Africano, não havendo a necessidade de substituí-los. 

Efun é um nome jeje-nago dado a vários tipos de pó, utilizados nos rituais afro brasileiro. É conhecido pelos leigos e na Umbanda como pemba, nomeclatura utilizada pela nação angola.

No Afro-brasileiro utilizamos somente três pinturas durante a cerimônia do EFUN AGBÉ: 

- Efun - Um tipo de argila branca 

- Osùn - Um tipo de pó vermelho, obtido da árvore Baphia nitida e Peterocarpus osun ambas Leguminosae Papilionoideae

- Wáji - Um tipo de pó azul, obtido da árvore Indigofera sp. Leguminosae Papilionoideae. 

Cada uma destas cores estão relacionadas com determinados Odus e existem vários significados para as pinturas, poderei citar as três principais a saber: 

As três representam as três passagens do dia, o amanhecer (efun) o crepusculo (osùn) e o anoitecer (wàji)
Essas pinturas também representam uma forma de proteção contra as forças maléficas das três principais Iyami Àjé (as feiticeiras) impedindo-as que pousem sobre as pessoas e uma das principais caracteristicas destas pinturas, tem como objetivo vincular todo o àse transmitido ao noviço durante os ritos da iniciação. 

O Wáji é um elemento muito importante no culto aos Orixás, uma vez que, junto com outros elementos, ajuda a proteger a cabeça dos nossos iyawos contra as Ajé. Segunda a crença africana essas pinturas impediriam que eleyé (ave ligada as Iyami) pousasse no ori dos recém iniciados, pois caso isso ocorresse seria um desastre para vida dessa pessoa.

Asé (Axé)

Para os Yorubás, o asé, ou mais popularmente conhecido como axé, é a força vital.
Axé é a força invisível, a força mágico-sagrada de toda divindade, de todo ser animado, de toda coisa. Não aparece espontaneamente, precisa ser transmitida. (Maupoil (citado por E. dos Santos, 1986))

Elbein dos Santos (1986) apresenta uma classificação do axé em categorias: sangue vermelho, sangue branco e sangue preto. 

O sangue vermelho, no reino animal compreende o sangue propriamente dito, animal e humano, aí incluído o fluxo menstrual; no reino vegetal, inclui o epô, azeite de dendê, o osun, pó vermelho extraído de pterocarpus erinacesses e o mel, sangue das flores. 

O sangue branco, inclue: no reino animal, o hálito, o plasma, o sêmen, a saliva, o suor e outras secreções; no reino vegetal, a seiva, o sumo, o álcool e as bebidas brancas extraídas de palmeiras e de alguns vegetais, o ori, manteiga vegetal e oiyerosun, pó esbranquiçado extraído do irosun; no reino mineral, os sais, o giz, a prata, o chumbo, etc. 

O sangue preto compreende, no reino animal, as cinzas de animais; no vegetal, o sumo escuro de certas plantas, o ilu, índigo extraído de diferentes tipos de árvores, pó azul escuro chamado wáji; no reino mineral, o carvão, ferro, etc. 

Para poder atuar, o axé deve ser transmitido através de uma combinação particular que contém representações materiais e simbólicas do branco, do vermelho e do preto, do aiye e do orun, competindo ao oráculo a definição da composição necessária do axé a ser implantado ou restituído. 

O sangue - animal, vegetal ou mineral - é substância indispensável para a restauração da força.

Todo ritual, seja uma oferenda, um processo iniciático ou uma consagração, realiza implante da força ou revitalização.

Língua Yorubá

A língua oficial nas Nações Kétu, Ègbá, Ifón e Ìjèsà, é o Yorubá, que apesar disso é também muito utilizada nos cultos de origem Angola e Jeje, oriundos de países e culturas diferentes. 
Torna-se portanto muito importante nos nossos dias fazer um esforço no sentido de recuperar o Yorubá, divulgar, ensinar e traduzir, para que não seja perdido e sobretudo para que seja entendido tudo aquilo que é dito e transmitido na nossa tradição.
É através dela que se conversa com os Òrìsàs – a tradição Oral – e é também através dela que  se expressam os Orins (cânticos), Àdúrà (rezas), Ofos(encantamentos) e Oríkìs (louvações).

Adurá

A palavra Adúrà é do yorubá e significa “reza, prece ou oração”. Estas Adúrà ou orações tem por finalidade invocar os orixás, e também, solicitar ajuda para os problemas do dia a dia. 

Oriki

Os Oríkì (do yorùbá, orí = cabeça, kì = saudar) são versos, frases ou poemas que são formados para saudar o orixá referindo-se a sua origem, suas qualidades e sua ancestralidade. Os Oríkì são feitos para mostrar grandes feitos realizados pelo orixá.

Regras Básicas de um bom filho de santo!




1- Não retrucar o pai-de-santo;

2- Não retrucar seus irmãos mais velhos e egbon -mi;

3- Caso tenha algo para falar que não esteja concordando, discretamente peça um minuto da atenção do pai de santo e exponha a situação civilizadamente, sem precisar que ninguém esteja assistindo. Um erro de postura no meio do barracão não é educação de um filho de santo, e você ainda corre o risco de tomar um bronca desnecessária;

4- Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em dia de festa ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem para dirigir a palavra ao pai de santo. 
Detalhe: Só atrapalhar a conversa caso seja EXTREMAMENTE necessário. Deve-se chegar junto à ele, e ficar abaixado esperando que ele pergunte o que deseja. Quando ele perguntar, comece sempre sua frase com “AGÔ” (licença);

5- Nunca, jamais, em tempo ou hipótese alguma, seja no seu barracão ou no barracão do alheio, deve-se sentar na mesma altura que o seu pai de santo. Ele já passou por vários sacrifícios para estar sentado confortavelmente ali. Para isso,pegue sua esteira e sente nela, ou ainda, verifique se tem algum apoti pequeno para se sentar. Você está no meio do caminho, um caminho árduo mas muito gratificante. Existe um ditado Yorubá que diz :
“Não se pode sentar aonde não se alcança”;

6- Filhos de santo dentro no Asé e em funções não comem de garfos, Abians e iyawos comem de colher, Garfo, só com 7 anos de santo feito (egbon), ou então sendo ekede, ogã, zelador...;

7- Ao Terminar seu ajeum em dia de festa ou função de Orixá pegue seu pratinho e sua canequinha, vá para cozinha e lave o que sujou, assim todos fazem sua parte. Infelizmente ainda não possuímos uma encarregada que possa cuidar da limpeza geral, sendo assim, não traremos trabalho para ninguém e todos terminaremos rapidamente;

8- Filhos de santo quando vão visitar o pai de santo, ou quando vão ao terreiro em dia de função e trabalho devem pensar coletivamente! Colabore com a sua parte, veja se há necessidade de trazer algo, comunique-se! Afinal todos estamos unidos por um propósito, por Orisá, recebendo asé, aprendendo e então nada mais que justo, partilharmos igualmente os gastos em determinadas funções;

9- Ao chegar ao barracão, em dia de função o procedimento correto é: Ir direto para a cozinha beber um copo de água, sentar um pouco para esfriar o corpo da rua, tomar seu banho e ir trocar de roupa (caso haja necessidade), Bater cabeça no axé e depois bater cabeça para o pai de santo. Agora sim, caso não haja nada em que se possa ajudar (muito embora seja impossível, pois em uma casa de santo sempre tem algo a ser feito), você pode ir colocar seu assunto em dia com seus irmãos;

10-Em um barracão em dia de função sempre há muita coisa a fazer, preparação de alimentos, oferendas, ebós,comidas, enfeites para festa, limpeza, organização. Caso não haja nada a fazer para ajudar o pai de santo, pegue seu Apoti ( banquinho) e sente com seus irmãos;

11- Dia de Festa, dia de grande responsabilidade para todos os filhos e principalmente para o Babalorixá, é o dia em que sua casa, suas funções e seus ritos tornam-se públicos, sendo necessário muitos fundamentos e atos para que tudo de certo. É correto que os gasto das festas sejam divididos igualmente entre todos os filhos de santo e o pai de santo, pois são muitos gastos, como: Comidas, bebidas, organização, enfeites, convites, enfim, tudo para que seu terreiro tenha uma boa visibilidade perante a comunidade;

12- Um terreiro sempre tem gastos, como: Aluguel, Água, Luz, Gás, Limpeza, imposto, então, sempre que possível contribua mensalmente para o auxílio desses gastos, pois as contas nunca acabam e nem atrasam para chegar;

13- O Pai de Santo Consciente não deve cobrar grandes fortunas quando tira um ebó ou faz alguma oferenda para um filho, mas é obrigação do filho de santo valorizar o tempo, o conhecimento, o trabalho que o babalorixá tem para preparar a sua oferenda ou seu ebó. Axé se dá e não se tem de volta, quando um pai de santo passa um ebó ele doa sua energia , seu axé, que custou muitos anos de dedicação para conseguir obter, Diz um ditado Yorubá :
“um Obi aberto sem owô, acarretará miséria”;

14- Após o fim da festa ou função, não podemos sair à francesa! Lembre-se da limpeza do barracão;

15- Roda de candomblé, seja em sua casa ou na casa do alheio, não é lugar de risinhos irônicos ou conversas. Tenha respeito, você está em um templo religioso, onde até as paredes tem ouvidos. Respeite os rituais, são sagrados,devemos ter muito cuidado com o que não conhecemos, orixá é força da natureza e nunca podemos controlá-los, por isso que os louvamos !!!


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Porque Oya se transforma em Borboleta?


Oya e ngò viviam juntos nesta fase, Òsún e Obà já não ficavam mais tanto com ngò devido à ira de ngò e os maus tratos que ambas sofriam.
Oya que não leva desaforo para casa e impaciente andava em pé de guerra com o grande Rei que há tempos procurava diversão fora dos limites de seu palácio.
Oya revoltada decidiu fugir, ngò quando chegou ao palácio deu por falta de sua esposa.
Oya desesperada e com medo de voltar para ngò acabou pedindo ajuda a Èsù, já que os dois sempre se deram muito bem.
Oya deu a Èsù todos os materiais que Ele pediu, e, assim Èsù fez um encantamento para Oya.
Toda vez que sentisse medo Ela se transformaria em borboleta que é linda, colorida e inofensiva.
ngò enfurecido e revoltado soltando raios e trovões com a fuga de sua esposa, ao se encontrar com Èsù, Ele lhe disse que não teria visto Oya.
Neste mesmo momento Oya que estava em sua forma de borboleta observava tudo do alto.
Oya voltando a sua forma de Òrìsà perguntou a Èsù, o porquê de se tornar uma borboleta e não outros elementos da natureza.
Èsù lhe respondeu:
Como vento e nervosa Você arrasaria o mundo em vendaval.
Como raio Você acabaria com as aldeias.
Como fogo Você destruiria o mundo.
Com os seus filhos Égùn-gùn Você apavoraria a humanidade.
Como borboleta alem de manter suas cores e perfumes que simbolizam a sorte, Você também será capaz de voar com suas asas ao sabor do vento, afinal de contas quem em seu juízo perfeito mataria uma bela borboleta.
Èsù deixou o local muito feliz e satisfeito, fez com que Oya jamais se tornasse preza de alguém.
Oya feliz se transformou outra vez em uma bela borboleta (símbolo de sorte).
E saiu através dos ventos....