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domingo, 8 de março de 2020

Fazer o santo


Falaremos um pouco sobre a iniciação no Candomblé, assunto esse que gera muitas dúvidas na cabeça das pessoas, ainda mais as pessoas que ainda irão se iniciar pois não sabem o porquê de muitos atos e muitas das coisas que acontecem também não serão ditas nesse artigo, pois tratam- se de fundamentos e serão descobertos apenas após a iniciação!

Fazer o santo é uma decisão muito séria e você precisa ter certeza se realmente é isso que quer, seja um Abiã pelo tempo que for necessário, pelo maior tempo possível, olhe a casa que você está, avalie essa casa, o seu zelador, a sua família de santo, e só ai tenha certeza que esse lugar é o seu lugar!
A feitura no santo significa um renascimento, tudo será novo na sua vida, você se torna um Iyawo, você receberá um novo nome que passará a ser chamado dentro do terreiro de Candomblé!
A feitura tem por início no recolhimento. São 21 (vinte e um) dias de reclusão, e neste prazo são realizados banhos, boris, oferendas, ebós, todo o aprendizado começa, as rezas, as danças, as cantigas…
Nesse período de reclusão são feitos vários atos, um deles é a raspagem dos cabelos chamado de Catular (cortar o cabelo para raspagem), raspar é a limpeza da cabeça que ocorre no Orô, e o Osu é o alto da cabeça (Moleira), representa o canal de comunicação entre o Orisa e o iniciado.
O Iyawo usará o kelê, os delogun, o mokan, o xaorô, os ikan, o ikodidé. O filho de santo terá que passar agora por um ritual, onde terá seu corpo pintado com giz, denominado efun. Ele deverá passar por este ritual de pintura
O Abiã terá agora que assentar seu Orisá e ofertar-lhe sacrifícios de animais de acordo com as características de cada um. Feito isso ele passa a se chamar Iyàwó.
Após o período de reclusão onde todos os atos foram feitos existe a festa ritualística que representa o final desse peiodo onde chamados de Saida do Iyawo, onde ele será apresentado a comunidade.
Deitado sobre uma esteira, ele saudará com Dobalé ou Ika e paó, que são palmas compassadas que serão dadas a cada reverência feita pelo Iyàwó e acompanhadas por todos presentes, como demonstração de que a partir daquele momento ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada.
Primeiro de tudo ele saudará a porta principal da casa, o mundo.
Segundo saudará a comunidade, o seu pilar, o seu centro, o Isé
Terceiro, frente aos atabaques que representam as autoridades presentes.
O Orixá a primeiro momento somente poderá dar o jicá.
Só após a queda do kelê ou perídio estipulado de nação para nação, somente com 1 ano de iniciado o Orisá poderá dar seu ilá (grito de guerra).
O momento mais esperado da festa ritualística é o momento do Orukó, onde o Orisa gritará o nome de iniciação do seu filho e partir daí que começa a sua contagem de anos dentro do candomblé, o momento Orukó faz parte de uma das suas saídas de apresentação, chamadas de Muzemza.
Após a festa o Iyawo será levantado da sua reclusão, porem permanecerá de resguado até a retirada do Kelê, são 3 meses seguindo os mesmo preceitos e atos só que agora em sua residência.
Nesse perido de 3 meses ele não poderá utilizar talheres para comer, deve continuar a sentar-se no chão sobre a esteira durante as refeições, está proibido de utilizar outra cor de roupa que não o branco da cabeça aos pés, não poderá fazer uso de bebidas alcoólicas, cigarro, sexo, E nem tão pouco sair à noite!
Não pode com o Calor do Sol e nem com Sereno, e até que se complete 1 (um) ano, os seus preceitos continuarão.


“Vale dizer que o transe é imprescindível para que uma pessoa seja iniciada como adosu, pois, a manifestação faz parte da liturgia dos Orisás e ele está em cada um de seus filhos. Isso é muito importante, porque só os adosu podem assumir determinadas funções sacerdotais, como os cargos de Iyalorisá ou Babalorisá. Sendo assim, uma pessoa que tem em seu odu a missão sacerdotal, somente quem incorpora seu Orisá, deve ser iniciada como adosu e nunca como Ogãn ou Ekede, que já são Ijoyé natos e jamais poderão entrar em transe de orisá”