Falaremos um pouco sobre a iniciação no Candomblé, assunto esse que gera
muitas dúvidas na cabeça das pessoas, ainda mais as pessoas que ainda irão se
iniciar pois não sabem o porquê de muitos atos e muitas das coisas que
acontecem também não serão ditas nesse artigo, pois tratam- se de fundamentos e
serão descobertos apenas após a iniciação!
Fazer o
santo é uma decisão muito séria e você precisa ter certeza se realmente é isso
que quer, seja um Abiã pelo tempo que for necessário, pelo maior tempo possível,
olhe a casa que você está, avalie essa casa, o seu zelador, a sua família de
santo, e só ai tenha certeza que esse lugar é o seu lugar!
A feitura no
santo significa um renascimento, tudo será novo na sua vida, você se torna um
Iyawo, você receberá um novo nome que passará a ser chamado dentro do terreiro
de Candomblé!
A feitura
tem por início no recolhimento. São 21 (vinte e um) dias de reclusão, e neste
prazo são realizados banhos, boris, oferendas, ebós, todo o aprendizado começa,
as rezas, as danças, as cantigas…
Nesse período
de reclusão são feitos vários atos, um deles é a raspagem dos cabelos chamado
de Catular (cortar o cabelo para raspagem), raspar é a limpeza da cabeça que
ocorre no Orô, e o Osu é o alto da cabeça (Moleira), representa o canal de
comunicação entre o Orisa e o iniciado.
O Iyawo
usará o kelê, os delogun, o mokan, o xaorô, os ikan, o ikodidé. O filho de
santo terá que passar agora por um ritual, onde terá seu corpo pintado com giz,
denominado efun. Ele deverá passar por este ritual de pintura
O Abiã terá
agora que assentar seu Orisá e ofertar-lhe sacrifícios de animais de acordo com
as características de cada um. Feito isso ele passa a se chamar Iyàwó.
Após o período
de reclusão onde todos os atos foram feitos existe a festa ritualística que
representa o final desse peiodo onde chamados de Saida do Iyawo, onde ele será
apresentado a comunidade.
Deitado
sobre uma esteira, ele saudará com Dobalé ou Ika e paó, que são palmas
compassadas que serão dadas a cada reverência feita pelo Iyàwó e acompanhadas
por todos presentes, como demonstração de que a partir daquele momento ele
nunca mais estará sozinho na sua caminhada.
Primeiro de
tudo ele saudará a porta principal da casa, o mundo.
Segundo saudará
a comunidade, o seu pilar, o seu centro, o Isé
Terceiro,
frente aos atabaques que representam as autoridades presentes.
O Orixá a primeiro
momento somente poderá dar o jicá.
Só após a
queda do kelê ou perídio estipulado de nação para nação, somente com 1 ano de
iniciado o Orisá poderá dar seu ilá (grito de guerra).
O momento
mais esperado da festa ritualística é o momento do Orukó, onde o Orisa gritará
o nome de iniciação do seu filho e partir daí que começa a sua contagem de anos
dentro do candomblé, o momento Orukó faz parte de uma das suas saídas de
apresentação, chamadas de Muzemza.
Após a festa
o Iyawo será levantado da sua reclusão, porem permanecerá de resguado até a
retirada do Kelê, são 3 meses seguindo os mesmo preceitos e atos só que agora
em sua residência.
Nesse perido
de 3 meses ele não poderá utilizar talheres para comer, deve continuar a
sentar-se no chão sobre a esteira durante as refeições, está proibido de
utilizar outra cor de roupa que não o branco da cabeça aos pés, não poderá
fazer uso de bebidas alcoólicas, cigarro, sexo, E nem tão pouco sair à noite!
Não pode com
o Calor do Sol e nem com Sereno, e até que se complete 1 (um) ano, os seus
preceitos continuarão.
“Vale dizer que o transe é imprescindível para que uma
pessoa seja iniciada como adosu, pois, a manifestação faz parte da liturgia dos
Orisás e ele está em cada um de seus filhos. Isso é muito importante, porque só
os adosu podem assumir determinadas funções sacerdotais, como os cargos de
Iyalorisá ou Babalorisá. Sendo assim, uma pessoa que tem em seu odu a missão
sacerdotal, somente quem incorpora seu Orisá, deve ser iniciada como adosu e
nunca como Ogãn ou Ekede, que já são Ijoyé natos e jamais poderão entrar em
transe de orisá”