Mostrando postagens com marcador Sango. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sango. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Sango - Criador do Culto a Egungun


Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Sangô à frente, as Iyámi Ajé fizeram roupas iguais às de Egungun, vestiram-nas e tentaram assustar os homens que participavam do culto. Todos correram menos Sangô, que ficou e as enfrentou, desafiando os supostos espíritos.

As Iyámis (as terríveis ajés, feiticeiras) pelo seu grande valor no equilíbrio na manifestação da justiça, ficaram furiosas com Sangô. E juraram vingança. 

Em um certo momento em que Sangô estava distraído atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente. Ela subiu em um pé de obí, e foi aí que as Iyámis Ajé atacaram e derrubaram a Adubaiyani, a filha que Sangô mais adorava. 

Sangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino, que, até então, era muito próspero.

Foi até Orunmilá, que lhe disse, então, que Iyami era quem havia matado sua filha. 

Sangô quis saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilá lhe disse para fazer oferendas ao Orisá Iku (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos. 

Assim Sangô fez, seguindo, à risca, os preceitos de Orunmilá.

Sangô conseguiu rever sua filha e tomou para si o controle absoluto dos mistérios de Egungum (ancestrais). Passou, então, a estar sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Eguns, e se tornando estritamente proibida a participação de mulheres neste culto. 

Caso essa regra seja desrespeitada, se provocará a ira de Olorun, Sangô, Iku e dos próprios Eguns. Este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais.

domingo, 4 de agosto de 2019

Lendas Africanas - Sangô


Kawo Kabiecile!

Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro, cujo corpo era preto à direita e branco à
esquerda.
Homem valente à direita, homem valente à esquerda.
Homem valente em casa, homem valente na guerra.
Oranian foi o fundador do Reino de Oyó, na terra dos iorubas.
Durante suas guerras, ele passava sempre por Empé, em território Tapá, também chamado
Nupê.
Elempê, o rei do lugar, fez uma aliança com Oranian e deu-lhe, também, sua filha em
casamento.
Desta união nasceu este filho vigoroso e forte, chamado Xangô.
Durante sua infância em Tapá, Xangô só pensava em encrenca. Encolerizava-se facilmente,
era impaciente, adorava dar ordens e não tolerava reclamação.
Xangô só gostava de brincadeira de guerra e de briga.
Comandando os pivetes da cidade, ele ia roubar os frutos das árvores. Crescido, seu caráter
valente o levou a partir em busca de aventuras gloriosas. Xangô tinha um oxé - machado de
duas lâminas; tinha, também, um saco de couro, pendurado no seu ombro esquerdo.
Nele encontravam-se os elementos do seu poder ou axé:
aquilo que ele engolia para cuspir fogo e amedrontar, assim, seus adversários,
e a pedra de raio com as quais ele destruía as casas de seus inimigos.
O primeiro lugar que Xangô visitou chamava-se Kossô.
Aí chegando, a pessoas assustadas disseram:
"Quem é este perigoso personagem?"
"Ele é brutal e petulante demais!"
"Não o queremos entre nós!"
"Ele vai atormentar-nos!"
"Ele vai maltratar-nos!"
"Ele vai espalhar a desordem na cidade!"
"Não o queremos entre nós!"
Mas Xangô os ameaçou com seu oxé.
Sua respiração virou fogo
e ele destruiu algumas casas com suas pedras de raio.
Todo mundo de Kossô veio pedir-lhe clemência, gritando:
Kabiyei Sango, Kawo Kabiyei Sango Obá Kossôf
"Vamos todos ver e saudar Xangô, Rei de Kossô!"

Quando Xangô tomou-se rei de Kossô, ele pôs-se à obra.
Contrariamente ao que as pessoas desconfiavam e temiam,
Xangô fazia as coisas com alma e dignidade.
Ele realizava trabalhos úteis à comunidade.
Mas esta vida calma não convinha a Xangô.
Ele adorava as viagens e as aventuras.
Assim, partiu novamente e chegou à cidade de Irê, onde morava Ogum.
Ogum o terrível guerreiro,
Ogum o poderoso ferreiro.
Ogum estava casado com Iansã, senhora dos ventos e das tempestades.
Ela ajudava Ogum em suas atividades.
Toda manhã, Iansã o acompanhava à forja e o ajudava, carregando suas ferramentas.
Era ela, ainda, que acionava os sopradores para atiçar o fogo.
O vento soprava e fazia: fuku, fuku, fuku.
E Ogum batia sobre a bigorna: beng, beng, beng ...
Xangô gostava de sentar-se ao lado da forja para ver Ogum trabalhar.
Vez por outra, ele olhava para Iansã.
Iansã, também, espiava furtivamente Xangô.
Xangô era vaidoso e cuidava muito da sua aparência, a ponto de trançar seus cabelos como os
de uma mulher.
Ele fizera furos nos lobos de suas orelhas, onde pendurava argolas.
Usava braceletes e colares de contas vermelhas e brancas.
Que elegância!
Muito impressionada pela distinção e pelo brilho de Xangô,
Iansã fugiu com ele e tomou-se sua primeira mulher.
Xangô voltou por pouco tempo a Kossô,
seguindo depois, com seus súditos, para o reino de Oyó,
o reino fundado, antigamente, por seu pai Oranian.
O trono estava ocupado por um meio-irmão de Xangô, mais velho que ele, chamado Dadá-
Ajaká - um rei pacífico, que amava a beleza e a arte.
Xangô instalou-se em Oyó, num novo bairro que chamou de Kossô.
E conservou, assim, seu título de Obá Kossô - "Rei de Kossô".
Xangô guerreava para seu irmão Dadá.
O reino de Oyó expandia-se para os quatro cantos do mundo.
Ele se estendeu para o Norte.
Ele se estendeu para o Sul.
Ele se estendeu para o Leste e ele se estendeu para o Oeste.
Xangô, então, destronou seu irmão Dadá-Ajaká e fez-se rei em seu lugar.
Kabiyei Sango Alafin Oyó Alayeluwa!
"Viva o Rei Xangô, dono do palácio de Oyó e Senhor do Mundo!"
Xangô construiu um palácio de cem colunas de bronze.
Ele tinha um exército de cem mil cavaleiros.
Vivia entre suas mulheres e seus filhos. lansã, sua primeira mulher, era bonita e ciumenta.
Oxum, sua segunda mulher, era coquete e dengosa.
Obá, sua terceira mulher, era robusta e trabalhadora.
Sete anos mais tarde, foi o fim do seu reino:
Xangô, acompanhado de lansã, subira à colina Igbeti, cuja vista dominava seu palácio de cem
colunas de bronze.
Ele queria experimentar uma nova fórmula que inventara para lançar raios.
Baoummm!!!
A fórmula era tão boa que destruiu todo o seu palácio!
Adeus mulheres, crianças, servos, riquezas, cavalos, bois e carneiros.
Tudo havia desaparecido fulminado, espalhado e reduzido a cinzas.
Xangô, desesperado, seguido apenas de lansã, voltou para Tapá.
Entretanto, chegando a Kossô, seu coração não suportou tanta tristeza. Xangô bateu
violentamente com os pés no chão e afundou-se terra adentro. lansã, solidária, fez o mesmo em
Irá.
Oxum e Obá transformaram-se em rios e todos tornaram-se orixás.
Xangô, orixá do trovão, Kawo Kabiyei le! lansã, orixá da tempestade, Êpa Heyi Oiá!
Oxum, orixá das águas doces, Orê Yeyê ô!



Lendas retiradas do livro: LENDAS AFRICANAS DOS ORIXAS de PIERRE FATUMBI VERGER

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Carta de Sango a sua filha (J.T)

Filha, sei que não tem sido nada
fácil esse fardo pesado que vens
carregando, mas também sei que não
me pede pra diminuí-lo e sim para
lhe dar mais forças para conseguir
carregar, tudo o que
tem vivido, todas as decepções tem
sido para que te acrescente algo,
para que sirva de aprendizado,
porque sei que você é ingênua,
as pessoas tentam te passar pra
tras...
Mas você é minha filha,,
guerreira, sensitiva... E sente tudo o
que há de ruim pairando no ar,
não se preocupe se alguem conseguir
te passar pra trás eu estarei te
zelando , te guardando e isso só
poderá acontecer para abrir os seus
olhos, para te alertar!
Filha, sei que as vezes você tem
reclamado da vida, mas te peço que
não faça isso, Olorum me deu a
permissão para que trouxesse a
Beleza, a Alegria e a Justiça para o
mundo para que para que sua vida seja vivida intensamente .
Você não sabe, mas a noite ao lado
da sua cama estou eu.. Cantando pra você dormir, para que possa acordar bem,
com pensamentos bons, com idéias
brilhantes...
Não se preocupe com esse seu senso de justiça... pois você é minha filha, isso é seu e ninguém vai conseguir mudar..
Assim como eu, você quer que a justiça seja sempre feita para todos os seus, só não deixe que isso te
atrapalhe...
Recoloquei em sua vida alguém especial que vai te ajudar em qualquer momento, valorize isso...
Filha, vou me despedindo nesta
carta, mas não em sua vida..
Meu Oxé sempre será a arma que cobre
o seu corpo e alimenta o seu
sangue, não deixarei o mal passar!!!
Desejo-lhe filha, que haja muito
HOJE para que possa ser esquecido
as mágoas dos ONTENS.
Minha força
sempre estará com você.
Filha, você
é linda, carinhosa e sei que adora
ser mimada, ser paparicada...
Forte, turrão, cabeça dura, ciumenta e
as vezes até possessiva, mas você é encantadora e aonde chega é querida por todos.
Comunicativa e inteligente és a mais
bela flor do meu jardim. Sempre
cheirosa e elegante onde passa
chama atenção...
Estou sempre com você onde estiver
porque um Pai nunca abandona
seu filho, seu choro é meu choro,
seu riso é meu riso!!! Eu te amo
filha!!

De seu pai, SANGÔ!

KAWO KABIECILE

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Cantigas de Sangô - ketu



Sangô 


(Kawo kabisile oba)

1)Àwa dúpé ó oba dodé
    A dúpé ó oba dodé.
    A dupé ni mòn oba e kú alé
    A dupé ni mòn oba e kú alé
    Ó wá , wá nilè
    A dupé ni mòn oba e kú alé

2)Oba nisa elo ke odo
    Oberioman
    Oba nisa elo ke odo
    Oba koso aiô

3)Olokum marae
    Aira aira Oba kosó
    Marae
    Aira aira  aira aira Oba kosó

4)Fura ti ´ná, Fura ti ´ná e ,
    Fura ti ´ná,
    Àrá lò si sá jó
    Fura ti ´ná, Fura ti ´ná e ,
    Fura ti ´ná,
    Àrá lò si sá jó

5)Aira ke ké soro
    Luani mai man se lê
    Orisa ke fa rewa
    Aira aira ô

6)Aira ô lê lê
    Aira ô lê lê

7)Firiman firiman
    Firiman abaizo
    Aira aira firiman abaizo

8)Sangô kó ekó
    Labawira la izo

9)Olosima lojiba
    È Kahiesi

10)Baba o dupé
      Baba o dupé
      Sangô mi kaô
      Baba o dupé

 11)Kaô
      Kaô ofiriman
      Kaô
      Obanisa kaô

12)Sango dê mariwo
      Sango dê mariwo
      Aira aira ô

13)Sàngó e pa bi àrá
      aáyé aáyé
      Sàngó e pa bi àrá
      aáyé aáyé