terça-feira, 4 de junho de 2013

Tempo / Irôko + Itan


Tempo ou Loko é um orixá originário de Íwerè, região que fica ao leste de Oyó na Nigéria, tão importante que ele é um orixá (e os africanos a muito sabem disso).
Tem um dito que diz "O tempo dá, o tempo tira, o tempo passa e a folha vira", muitas vezes precisamos que o tempo nos seja favorável, e outras não, quero dizer, precisamos de tempo curto ou longo, com o bom uso do tempo, muitas coisas se modificam, ou podemos modificar.
Irôko tem um temperamento estável, de caráter firme e em alguns casos violento. 
Na Nigéria, Irôko é cultuado numa árvore que tem o mesmo nome. Porém, no Brasil esta árvore foi substituída pela gameleira-branca que apresenta as mesmas características da árvore usada na África. É nesta árvore, a gameleira-branca, que fica acentuado o caráter reto e firme do orixá pois suas raízes são fortes, firmes e profundas.
Irôko foi associado ao vodun daomeano Loko dos negros de dinastia Jeje e ainda ao inkice Tempo, dos negros bantos.
Irôko, na verdade, é o orixá dos bosques nigerianos, onde lá na Nigéria é muito temido, porque como conta um itan, ninguém se atrevia a entrar num bosque sem antes reverenciá-lo. No Brasil, é nos pés da gameleira-branca que fica seu assentamento e também é ali que são oferecidas suas oferendas.
Sua cor é o branco e ainda usa palha da costa em sua vestimenta. Sua comida é o ajabó, o caruru, feijão fradinho, o deburu, o acaçá, o ebô e outras.
Em geral na frente das grandes casas de Candomblé, principalmente em Salvador, existe uma grande árvore com raízes que saem do chão, e são envoltas com um grande Alá (pano branco), este é Iroko, que é tido com árvore guardiã da casa de Candomblé pois ter esta árvore plantada no terreno da casa de Candomblé representa força e poder.. 
Este orixá é conhecido na angola como Maianga ou Maiongá. 

As Ervas e algumas histórias


Não tem como falar de vegetação sem falar do orixá responsável pelas matas e florestas, o detentor do poder de cura através das ervas, Ossain, o chamado de o rei das folhas. Este orixá é conhecido como o protetor dos médicos, farmacêuticos e de todos que fazem remédios que tratam da saúde.

O autor Reginaldo Prandi, em seu livro Mitologia dos orixás nos conta uma pequena história sobre este Orixá:

Ossain dá uma folha para orixá - Um dia Xangô que era deus da justiça, julgou que todos os orixás deveriam compartilhar o poder de Ossain, conhecendo o segredo das ervas e dom da cura. Xangô sentenciou que Ossain dividisse suas folhas com os outros orixás, mas Ossain se negou a dividir suas folhas. Logo Xangô ordenou que Iansã, deusa da tempestade soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossain para que fossem distribuídas aos orixás. Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou para o palácio de Xangô. Ossain percebeu o que estava acontecendo e gritou: “Euê uassá! – As folhas funcionam!”. Ossain ordenou as folhas que voltassem as suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ossain. Quase todas as folhas retornaram para Ossain. As que estavam em poder de Xangô perderam o axé, perderam o poder de cura.

O orixá rei, que era justo, admitiu a vitória de Ossain. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossain e que assim devia permanecer através dos séculos. Ossain, contudo, deu uma folha para cada orixá, deu uma a euê para cada um deles. Cada folha com seus axés e seus ofós, que são cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. 0ssain distribuiu as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossain não conta seus segredos para ninguém, Ossain nem mesmo fala. Os orixás ficaram gratos a Ossain e sempre o reverenciam quando usam as folhas.

Apesar de Ossain ter uma grande importância no candomblé o IroKo (orixá representado por uma árvore, gameleira branca) também é muito importante. Pois no seu pé é assentado após o termino das obrigações, todas as oferendas de outros orixás, e o tronco é enfeitado com um ÒJÁ FUNFUN - pano branco.

“Iroko representa o tempo. Foi a primeira árvore da terra. Existe desde o princípio dos tempos a tudo resistiu e a tudo resistirá... Este orixá traz fertilidade para as mulheres. Tem uma lenda mesmo que diz que uma mulher pediu um filho a Iroko e que ela daria a criança como oferenda.

Iroko lhe deu o filho que tanto queria, mas a mulher por amor ao seu filho não cumpriu com a promessa. Um dia quando a criança brincava a mãe foi buscá-la e Iroko a lembrou de sua promessa, Iroko pegou a criança para si. A mãe desesperada consultou um adivinho, que mandou ela fazer um boneco de madeira e colocar nos pés de Iroko, quando ele estivesse dormindo. Feito isso, a mãe recuperou seu filho e Iroko até hoje tem a seus pés o boneco de madeira como se fosse sua criança”.

A Lenda de Obi

Olodunmare chama os homens para retornarem ao seu lar, porém nem mesmo a morte é capaz de apagar as lembranças os feitos de grandes homens.

Obi é um elemento muito importante no culto de Vodun, Orisa e Nkise. A noz de cola, Obi, é o símbolo da oração no céu.
É um alimento básico, e toda vez que é oferecido, o seu consumo é sempre precedido por preces.
Foi Orunmila quem revelou como a noz de cola foi criada.
Quando Olodunmare descobriu que as divindades estavam lutando umas contra as outras, antes de ficar claro que Esu era o responsável por isso, Ele decidiu convidar as quatro mais moderadas divindades (Paz, a Prosperidade, a Concórdia e Aiye, a única divindade feminina presente), para entrarem em acordo sobre a situação.
Eles deliberaram longamente sobre o motivo de os mais jovens não mais respeitarem os mais velhos, como ordenado pelo Deus Supremo.
Todos começaram então a rezar pelo retorno da unanimidade e equilíbrio. Enquanto estavam rezando pela restauração da harmonia, Olodunmare abriu e fechou sua mão direita apanhando o ar.
Em seguida abriu e fechou sua mão esquerda, de novo apanhando o ar.
Após isso, Ele foi para fora, mantendo Suas mãos fechadas e plantou o conteúdo das duas mãos no chão.
Suas mãos haviam apanhado no ar as orações e Ele as plantou. No dia seguinte, uma árvore havia crescido no lugar onde Deus havia plantado as orações que Ele apanhara no ar.
Ela rapidamente cresceu, floresceu e deu frutos.
Quando as frutas amadureceram para colheita, começaram a cair no solo.
Aiye pegou-as e as levou para Olodunmare,e Ele disse a ela para que fosse e preparasse as frutas do jeito que mais lhe agradasse.
Primeiro, ela tostou as frutas, e elas mudaram sua textura, o que as deixou com gosto ruim.
No outro dia, Ela pegou mais frutas e as cozinhou, e elas mudaram de cor e não podiam ser comidas. Enquanto isso, outros foram fazendo tentativas, no entanto todas foram mal sucedidas.
Foram então até Olodunmare para dizer que a missão de descobrir como preparar as nozes era impossível.
Quando ninguém sabia o que fazer, Elenini, a divindade do Obstáculo, se apresentou como voluntária para guardar as frutas.
Todas as frutas colhidas foram então dadas a ela. Elenini então partiu a cápsula, limpou e lavou as nozes e as guardou com as folhas para que ficassem frescas por catorze dias.
Depois, ela começou a comer as nozes cruas.
Ela esperou mais catorze dias e depois disso percebeu que as nozes estavam vigorosas e frescas.
Após isso, ela levou as frutas para Olodunmare e disse a todos que o produto das preces, Obi, podia ser ingerido cru sem nenhum perigo.
Deus então decretou que, já que tinha sido Elenini, a mais velha divindade em Sua casa quem conseguiu descodificar o segredo do produto das orações, as nozes deveriam ser dali por diante, não somente um alimento do céu, mas também, onde fossem apresentadas, deveriam ser sempre oferecidas primeiro ao mais velho sentado no meio do grupo, e seu consumo deveria ser sempre precedido por preces.
Olodunmare também proclamou que, como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos.
Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo Próprio Olodunmare e tinha duas peças.
Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente. A próxima noz de cola tinha três peças, as quais representavam as três divindades masculinas que disseram as orações que fizeram nascer a árvore da noz de cola.
A próxima tinha quatro peças e incluía assim Aiye, a única mulher que estava presente na cerimónia.
A próxima tinha cinco peças e incluiu Orisa-Nla.
A próxima tinha seis peças representando a harmonia, o desejo das orações divinas.
A noz de cola com seis peças foi então dividida e distribuída entre todos no Conselho.
Aiye então levou a noz de cola para a Terra, onde sua presença é marcada por preces e onde ela só germina e floresce em comunidades humanas onde existe respeito pelos mais velhos, pelos ancestrais e onde a tradição é glorificada.