segunda-feira, 16 de junho de 2014

O significado das quartinhas para o orisá

" O bom Iyawo não deixa a agua de sua quartinha secar "
Quartinha é um pequeno pote, geralmente de barro, no qual se deposita água sagrada, água purificada ao Orisá e fica ao lado do assentamento do Orisá. O barro da quartinha, assim como nosso corpo, "transpira" e por isso que as quartinhas devem ser sempre de barro pois elas permitem que a água do seu interior evapore, mas deve-se ter um cuidado constante para que a quartinha não seque por completo, pois ela representa um ser vivo e o cuidado que temos com o Orisá.
A quartinha representa a respiração da divindade, então quando a divindade necessita dessa respiração, há o ciclo de evaporação da água através dos poros do barro. Aos Orisás masculinos são oferecidos quartinhas de barro sem alça, aos Orixás femininos são oferecidos quartinhas normalmente de louça ou mesmo de barro com alça.
As quartinhas também são chamadas de Busanguê, Amoré e outros, dependendo da nação. Colocar quartinha de louça aos pés da divindade, não é uma prática do Candomblé antigo, porque na África não se produz louça. Todos os utensílios ligados ao culto das divindades são feitos na sua maioria de barro e quando não são feitos de barro, é usado terracota ou argila.Curti

terça-feira, 6 de maio de 2014

Em Busca Da Minha Felicidade - ÒRÌSÀS


Eu fui consultar um Bàbáláwó, em busca da minha felicidade.
Ele falou para que eu fizesse uma oferenda, e, que depois eu deveria ir até uma encruzilhada, pois lá eu encontraria o Senhor da alegria, a criança querida de OLÓDÙMARÈ, e que Ele poderia me dizer aonde eu encontraria a minha felicidade.
Fiz minha oferenda, coloquei minha roupa branca e comecei minha jornada.
Conheci ÈSÙ na encruzilhada, rodando com suas cabaças a balançar, e dando uma boa gargalhada.
Perguntei se ele sabia onde morava a felicidade, ÈSÙ então me mandou seguir pela estrada; pois lá eu encontraria o Senhor de todos os caminhos, ÈSÙ também me disse que ÒGÚN era ÀSÍWÁJÚ (aquele que vai à frente dos outros) e que Ele poderia me ajudar. 
Fui seguindo a estrada, na beira da mata, e, no meio dela com suas duas espadas, apareceu o senhor do ferro ÒGÚN.
Ele disse-me que eu iria encontrar o que eu estava procurando, se eu seguisse pela mata fechada e procurasse por ÒSÓÒSÌ. o grande caçador.
Entrei na mata, e já estava quase desistindo de achar ÒSÓÒSÌ; de tanto que já havia caminhado, mas eis que apareceu um Faisão em minha frente.
Era, sem dúvidas, um belo animal.
O belo animal, então, transformou-se em um grande e forte homem negro.
Era ÒSÓÒSÌ; e Ele me pediu para entrar mais fundo na floresta, procurando por ÒSÓNYÌN, o senhor das EWÈ.
Achei ÒSÓNYÌN, e Ele me falou para ir procurar OBÀLÙÀIYÉ o rei e senhor da terra árida no ILÉ IKÙ, e Este por sua vez mandou-me procurar a Rainha dos Ventos no majestoso bambuzal que havia bem próximo donde eu estava. .
Encontrei OYA, e Ela pediu-me para ir até a montanha mais alta daquela floresta, procurar por SÀNGÓ, seu marido o grande rei de OYO, que soltava fogo pela boca e eterno defensor da justiça.
Chegando à montanha, SÀNGÓ veio ao meu encontro e assim guiou-me até um maravilhoso rio com sua exuberante cachoeira, onde, segundo Ele, eu encontraria outros cinco ÒRÌSÀ que poderiam me ajudar. 
Diante das águas cristalinas e doces, encontrei OBÀ no rio com seu escudo e sua espada, sempre protegendo o lado de seu rosto aonde falta uma das suas orelhas.
Encontrei também na cachoeira ÒSÚN, que é a mãe das águas doces com seus adornos de ouro, junto com seu filho o príncipe LÒGÚN ODE e ÓSÙMÀRÈ no céu.
Também, encontrei YEWÀ na beira da lagoa aonde o sol iluminava com seus rios todo o lugar.
Eles me pediram para ir procurar pela maior e mais velha árvore na floresta.
Lá fui eu novamente, entrando pela floresta, mas dessa vez à procura de ÌROKÓ.
Deparei-me, então, com a árvore mais frondosa de todas e moradia dos antepassados,
ÌROKÓ mandou-me ir para a praia, a procurar por YEMONJA.
Ele também me disse que, por mais cansada que eu estivesse minha jornada estava no fim.
Caminhei e caminhei, até chegar à beira do mar com suas areias brancas, as ondas estavam calmas e às vezes fortes em seu ir e vir para banhar a areia, quando vi a Mãe dos filhos peixes YEMONJA.
Ela pediu-me para que eu fosse até o pântano e procurar pela anciã que vestia roxo. 
Fui até o pântano, aonde NÀNÁ veio me acolher, Ela então me disse para eu ir até o reino de IFÓN, que ficava depois dos campos brancos de ÒSOGIÁN.
Saí do pântano, e estava passando pelos campos de ÒSOGIÁN, quando Ele surgiu em minha frente.
Sua altivez e bravura assustaram-me, mas Ele me disse que não havia nada a temer, e que Ele me guiaria até eu chegar ao que eu estava procurando.
Junto com ÒSOGIÁN, fui até o reino de IFÒN.
Chegando ao portão daquele grande reino, ÒSOGIÁN me falou para que eu fosse até os jardins mais belos do reino, que eu seria guiado por ÌBEJÌ até o castelo de ÒSÀLÚFÓN.
Andando pelas ruas do reino e o que vi deixou-me encantada, pessoas vivendo com prosperidade, amor, saúde, harmonia e muita felicidade. 
Chegando aos jardins do reino, dois meninos vieram me recepcionar.
Antes que eu pudesse desviar, um pedaço de bolo me atingiu bem no rosto.
Estes meninos ajudaram-me a limpar meu rosto, e, em seguida conduziram-me até o castelo de ÒRÌSÀNLÁ.
O velho Senhor ÒRÌSÀ Fun Fun, estava sentado em seu trono branco, rodeado por todos os ÒRÌSÀ pelos quais eu havia passado.
Vendo-os ali eu fiquei brava e disse:
“Se Todos já estão aqui, por que não me trouxeram direto para cá? Por que me fizeram andar tanto, me cansar de tanto procurar, se podiam trazer-me aqui rápido?”.
ÉSÙ de prontidão, me respondeu:
“Ora, e quem disse que sua vida seria fácil? Você acha que, só por sermos ÒRÌSÀ, podemos dar ou fazer tudo o que pedes facilmente para ti?”
E assim dizendo ÉSÙ soltou uma gargalhada.
- “Não fale assim com ela, LÉGÁRA, disse a bela OYA”.
-“Ela é apenas um Ser Humano”. 
- “Todos eles desejam que muitas coisas aconteçam sem esforço ou merecimento, todos os seres humanos querem sempre ser mimados por Nós”.
Com a ajuda de seu OPASORO, ÒSÀLÚFÓN levantou-se e disse-me:
- “Você, minha filha, andou por todo o tipo de lugar; enfrentou o caminho de ÒGÚN, as matas de ODE e ÒSÓNYÍN a casa dos mortos de OBÀLUWÀIYÉ, os ventos de OYA, as altas montanhas de SÀNGÓ, a cachoeira de ÒSÚN e o rio de OBÁ, a chuva e o movimento do grande sábio ÓSÙMÀRÈ, foi até o reino de YEMONJA, aos pântanos de NÀNÁ, conversou com ÌROKÓ que pertence à hierarquia dos ÒRÌSÀ Fun Fun, tudo isso em busca da felicidade, Parabéns!”
Agora vou lhe mostrar aonde esta à felicidade que tanto deseja, aproxime-se, por favor.
Aproximei-me daquele senhor velho e franzino, vestido todo de branco, com seu ALÀADÉ de contas brancas reluzentes, e, decorado com vários ÌGBÍN. 
Assim que me aproximei o suficiente, ÒSÀLÚFÓN ergueu seu OPASORO e disse-me:
- “A felicidade que você tanto procurou e quer esteve sempre contigo o tempo todo, minha filha”.
-“Ela esta dentro de você mesma, em seu ORÍ.”. 
OBÀTÁLÁ apontando o seu OPASORO para o lado esquerdo de meu peito falou novamente: 
”Aqui estou contigo, todos Nós estamos contigo, mas para que isto aconteça precisamos de sua FÉ, RESPEITO, DEDICAÇÃO, COMPREENSÃO, CARINHO E AMOR”

terça-feira, 25 de março de 2014

O Bori

O BORI é o ritual que harmoniza o ORI, dando assim a possibilidade de transformar um " ORI BURUKU" em "ORI RERE". É através do Jogo de Búzios que o Babaloorisá recebe as instruções para realizar este ato (BORI) ritualístico que possibilitará não só a mudança da sorte como também a manutenção da mesma, para que não se a perca. É o BORI que diminui a ansiedade, o medo, a dor e a tristeza trazendo a esperança, alegria e a harmonia. Desta forma, o BORI é uma das oferendas mais importantes que visa o bem estar individual no Candomblé. O Ritual de Bori é muito sério, complexo e profundo. Por isso, o sacerdote deve ter grande conhecimento e respeito em relação à questão do Ori e da evolução humana. Ori é o Orisá mais importante na vida de um homem, uma vez que, sem ele, o homem simplesmente não existiria. Ori significa, literalmente, cabeça e é, misticamente, o primeiro Orisá a ser cultuado. É ele o portador do destino humano. O Ritual de Bori independe de qualquer processo iniciático e independe do culto aos outros Orisás. (Variando assim de casa para casa, mas, sem fugir da finalidade em si) Seu objetivo é o de alimentar o Ori, seja qual for o sexo, raça, profissão, idade, nível social da pessoa. Com este ritual busca-se o equilíbrio através da ação do Ori, condutor do destino pessoal. Muitas vezes se realiza um Ritual de Bori com o objetivo de afastar o mal do caminho da pessoa, o que não significa que, retirada esta ameaça nenhum outro mal possa ocorrer. Assim sendo, o Ritual de Bori não tem "prazo de validade", não tem frequência determinada (anual, semestral, mensal, etc.), devendo ser repetido sempre que se mostre necessário. O Odu manifestado através do" jogo" é que determina a necessidade de realização do Bori e indica quais materiais devem ser usados. Há dois tipos de Bori: Aquele que é considerado pré-requisito para uma iniciação, ou seja, primeiramente se alimenta o Ori, divindade pessoal, para a seguir alimentar outros Orixás. 2) Aquele realizado a fim de buscar a solução de um problema que aflige a pessoa através do alimento oferecido ao seu Ori, sem que haja necessidade de iniciação. O local mais apropriado para realização deste Ritual é a casa do sacerdote. Este deve Ter bom senso quanto a necessidade de recolhimento. Se o Bori for acompanhado de Eje, é recomendável o recolhimento como meio de repouso e proteção, pois o Ori que está sendo venerado não deve receber energia do sol nem do sereno. O recolhimento evita, ainda, que a "sombra daquele que passou pelo Bori seja pisada. "O sacerdote deve saber que durante este Ritual a pessoa somente poderá entrar em transe no momento que seu Orisá for louvado. Deve conhecer a finalidade e o significado de cada material que usa. Omi e Obi, por exemplo, são elementos indispensáveis no BORI. Omi, a água, representa paz, abundância e fertilidade enquanto o Obi é usado para aplacar a fúria das adversidades, alimentar e agradar as divindades. O jogo DE Búzios determinará, através de Odu, que material deve ser usado no Bori e este material poderá ser desde apenas um copo d’água e um Obi até uma oferenda bem grande. ORI RERE = ORI de sorte = Cabeça de sorte, cabeça iluminada. ORI BURUKU = ORI sem sorte = Cabeça sem sorte, confusa, insegura… ORI INU = "Cabeça Interna" É o ORI NU que gerencia a cabeça física do homem. É o oriSá mais importante do ser humano, pois ele é ÚNICO, cada pessoa tem o seu. É Ele quem conhece e está ligado ao destino de cada indivíduo, conhece e sabe das suas restrições, das suas fragilidades, das suas potencialidades. É no ORI que se encontra a ferramenta para a solução dos nossos problemas… Quando estamos em harmonia com ele, superamos os obstáculos mais facilmente e assim, certamente conectados à positividade interna e à dinâmica perfeita da natureza, encontramos a vitória e o sucesso na consecução dos nossos objetivos pessoais. Baba Lokanfu, Toluaye.