sexta-feira, 15 de março de 2019

Malandro

Totalmente focados na felicidade, eles viveram da forma que puderam, carregando em seu esteriótipo físico algo que na realidade não eram na maioria das vezes. O sorriso sarcástico no rosto era a forma de afastar as tristezas, pois lamentação não enche barriga, mas a fé no amanhã pode sim realizar diversos milagres, e era nisso que os Malandros acreditavam.

E foi por meio desse modo de enxergar as possibilidades e de saber lidar com as adversidades que esses espíritos ganharam força maior ao desencarnar, e passaram a ser respeitados e buscados como inspiração nos terreiros...

A malandragem ensinou a esses espíritos uma forma de erradicar o mau humor, e um jeitinho especial de encarar qualquer tipo de adversidade, por isso eles passaram a ser grandes professores nas Giras.

De atitudes simples, muito fieis e justos, os Malandros não toleram mentiras e se alguém tenta de alguma forma enganá-los será facilmente desmascarado na frente de todos. Apreciadores de fumos, eles se apresentam no Terreiro vestidos elegantemente – tanto quanto gostavam durante a vida -, com suas camisas de seda ou listradas, chapéus de palha ou Panamá com detalhes em fita, alguns gostam de terno.

Os movimentos que realizam que se assemelham a dança, na verdade é uma forma de limpar o ambiente de toda energia negativa presente. Seus passes e atendimento no geral é sempre alegre, realizado com um sorriso inspirador de quem conhece de perto a dor, mas que perdeu há muito tempo o medo dela.

Lembre-se de manter sempre seu peito aberto e espírito sincero nessas Giras, pois o único mal do Malandro, é amor demais por todos.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Historia da Pombo Gira Maria Farrapo

Esta entidade é muito debochada, tem um humor ácido e um comportamento nada convencional.

A história:

Madalena era uma moça ingênua
Vinda de uma família muito pobre,
Camponeses do norte.
Ela cresceu vendo o pai espancar a Mãe.
A mãe era nada mais que uma escrava
Servia para limpar, cozinhar e parir.
Madalena cresceu vendo aquilo
E como era moça não podia fazer nada.
Ela cresceu vendo que a mulher era
Vista como inferior pelos homens
E aquilo a deixava furiosa.
Quando ela fez quinze anos
O pai a deu em casamento para um
Velho rico da cidade.
Madalena era muito bonita
E o velho a desejava muito.
Mas a face angelical de Madalena
Escondia um caráter truculênto,
Ela não era dócil como parecia.
O velho tinha um filho ja adulto
E o rapaz estava indignado de ter
Uma moça mais jovem que ele como madrasta.
Madalena odiava o velho,
Sentia nojo de ter que se deitar com ele.
Ela e o enteado tinhan tudo para
Se odiar, mas decidiram se ajudar.
O rapaz disse a Farrapo que queria
O pai morto, e que eles dois eram
Os únicos herdeiros,
Então dividiriam a fortuna do velhote.
Madalena aceitou,
E após anos ao lado do senil ela
Tomou coragem e deu fim nele.
Uma noite o velho dormiu
E ela fez de modo que ele não mais acordou.
Pronto, com o velho morto
O enteado estava rico
E ela também.
Ela pegou a fortuna e foi embora
Para o Sul.
Lá ela comprou um casarão
E tentou viver como fidalga,
Mas não tinha educação, não era refinada
E por isso a nobreza a rejeitou.
Ela achou amizade entre
Os marginalizados,
Sua casa era frequentada por
Prostitutas, malandros, contrabandistas e etc.
Os anos passaram e ela só gastava
Nisso o dinheiro foi acabando.
Mas Madalena não tinha intenção
De ser pobre novamente,
Ela decidiu entrar em uma empreitada
Muito lucrativa, se aliou
A um homem chamado "Pinga Fogo"
Que era um contrabandista de
Tudo que vinha da Europa.
Pinga Fogo fazia de tudo,
Ele assaltava os navios no porto,
Encomendava mercadorias
Que vinham escondidas sem
Que os fiscais vissem para cobrar
Impostos em cima,
Pinga Fogo conseguia qualquer
Coisa através desses métodos.
Madalena entrou nessa junto
Com ele, ela usou o dinheiro que
Restava para financiar um grande golpe
E teve sucesso, o retorno foi polpudo,
Ela encheu os bolsos de ouro novamente.
Então ficou nessa vida,
Ficando cada vez mais rica.
Porém ela por conviver com os pobres
E com os bandidos não podia
Ostentar uma figura fina,
Então se vestia de modo simples,
Com roupas baratas.
Ela bebia e fumava,
Logo ficou conhecida como
A "Maria dos Farrapos"
Pois sempre andava esfarrapada.
Ninguém desconfiava que por
Debaixo da saia de chita ela tinha
Bolsas cheias de moedas de ouro.
Ela e Pinga Fogo eram sócios muito competentes
E de tão próximos se apaixonaram.
Os dois passaram a viver como
Marido e mulher.
Mas ele era mulherengo,
E ela muito ciumenta, 
Sempre que uma moças se engraçava
Com ele, Madalena fazia a coitada
Desaparecer.
Pinga Fogo amava Madalena
Mas com o passar dos anos
Ela começou a ficar possessiva,
Sempre em cima dele,
Sempre o regulando.
Ele não aguentou e se separou dela.
Ela o amava demais,
Chegava ser doente por aquele homem.
Ele desfez a sociedade e foi embora.
Ela não sossegou, foi atrás dele
Mas Pinga Fogo não queria
Mais nada com ela.
Ela tinha certeza que para ele a
Estar rejeitando é porque tinha outra!
E tinha mesmo.
Madalena encontrou Pinga Fogo
Dentro de um Cabaré nos braços
De uma belissima morena,
E esta morena não era qualquer uma,
Ela era Dona Maria Mulambo.
Mulambo e Farrapo entraram
Em guerra,  as duas eram grandes
Nomes da bandidagem,
Vários dos capangas das duas
Perderam a vida na luta
Entre elas.
Era tiro e facada pra todo lado.
Porém Madalena Farrapo estava
Perdendo a guerra.
Mulambo era rica demais, grande demais.
Então ela decidiu fazer o serviço
Por conta própria.
Farrapo se vestiu como uma rainha,
Se maquiou e perfumou,
E ninguém naquela cidade
Tinha visto ela vestida assim,
Não a reconheceram.
Ela foi para um Cabaré que
Mulambo gostava de ir,
Ela sabia que era noite de festa
E que Mulambo estaria lá.
Ela entrou, todos acharam
Que ela era uma prostita nova da casa,
Ninguém nem perguntou nada,
Ela passou pelos leões de chacara
E entrou no salão sossegada.
Quando ela entrou viu Mulambo
Em cima do palco cantando.
Mulambo tinha uma boa voz,
Mas so cantava quando estava
Bem mamada, com a cara cheia de cachaça,
Ai sim ela se soltava. Farrapo ficou no meio da multidão, 
Tirou a garrucha que trazia escondida
Sob a saia armada e sem pensar atirou.

PA!

Todo o salão emudeceu,
Ali so tinha gente da noite
E para essa gente o som de tiro
É inconfundível.
Todos olhavam em volta pra ver
Quem havia sido baleado
E não acreditaram quando
Mulambo caiu do palco.
Em volta de Mulambo se formou
Uma poça de sangue,
Ela é que havia sido baleada.
Farrapo matou Mulambo.
Ela de fininho se mandou,
Fugiu dando gargalhada
Pois tinha vencido sua maior inimiga.
No dia seguinte ela foi até Pinga Fogo
Ele que morava no porto.
Ela foi ate lá e ao chegar
Viu uma coisa que nunca tinha visto,
Ela viu ele chorando.
Ele chorava agarrado em um vestido
Vermelho, um vestido de Mulambo.
Farrapo ficou louca!
Pinga Fogo amava Maria Mulambo!
Como podia isso?
Ate depois de morta Mulambo a afrontava!
Farrapo alucinada puxou
O seu punhal e esfaqueou
O homem que amava.
Ele naquela melancolia ele que
Era um homenzarrão nem percebeu,
Nem reagiu.
Farrapo o matou.
E agora?
Depois daquilo tudo para ela perdeu
O sentido.
Ela tentou continuar a vida,
Mas não conseguiu.
Danou a beber, e se acabou na cachaça,
Ela morreu sozinha,
Se afogou em tantos álcool.
Quando morreu ela encontrou
Do outro lado Maria Mulambo
E Mulambo a perdoou,
Até a ajudou.
Farrapo virou Pombagira da Falange de Dona Maria Mulambo
E até hoje é uma de suas fiéis aliadas.

Farrapo é poderosa
Mas ainda é louca!

Saravá Maria Farrapo das 7 encruzilhadas

Um pouco sobre a Pombo Gira Cigana

A Pombogira Cigana, são reconhecidas tbm pelo cumprimento do terreiro exibindo o tridente (o gesto indiano de trishula) com os dedos.

Seu dançar é leve e ao mesmo tempo pesado como os demais Esus, tem um certo tremular na mão (devido às castanholas ou pandeiro).
Como as Ciganas do Oriente, giram muito. Seus rostos apresentam uma certa alegria nervosa quando chegam no terreiro, mas logo fecham-se em um rosto muito severo mas leve.
Sua fala é mansa, as vezes Seca, irônica, às vezes rude. 
Não procura ser simpática, sendo às vezes até dasaforada, mas sempre, em sua malícia, despertam afinidades junto ao público feminino que as procuram para tratar de assuntos como falta de emprego, dinheiro, amor. Ela também trabalha em demandas pesadas e às vezes "cruzam-se"
(afinizam-se) com o Povo do Cemitério. Algumas delas dizem-se "do forno", "do cemitério", "da calunga", mantendo como par vibratório um Esu.
Geralmente usam vermelho e evita o preto guardando uma antipatia por essa cor por julgá-la "de má sorte", “de luto”.
Suas oferendas aceitam mel e o azeite-de-dendê, simultaneamente. Fumam cigarros, cigarrilhas e algumas ciganas fumam charutos, à semelhança de algumas mulheres desse povo, geralmente as mais velhas.
Essa pombogia é uma entidade liminar entre o Povo de Esu e o Povo Cigano. Ela não é de todo um, nem de todo, outro.
Sempre tem um nome próprio. Assim, como exemplo, a pombogira cigana dirá chamar-se "Pombogira Cigana Fulana da Estrada", utilizando-se qualquer nome próprio válido dentro da grande relação existente para essas entidades.

HISTÓRIA

Pombo Gira Cigana Rosita nasceu na Índia, mas possui suas origens da Espanha.
De pele morena clara e olhos esverdeados como o do seu pai, a cigana Rosita cresceu alheia a todos os conflitos que sua poderosa família de ciganos vivenciou enquanto ela ainda era muito pequena.
Bela e faceira, influenciada pela sua mãe, aprendeu as danças e as magias do amor. Tinha um especial dom para as castanholas, tornando-se a melhor cigana da tribo a tocá-las, encantando a todos ao seu redor.
De pele clara, cabelos longos e castanhos até a cintura e corpo esbelto, a cigana não usava lenços na cabeça, o que era incomum. Ela usava blusas brancas de mangas bufantes e saias estampadas com flores amarelas e rosa escuro. Trazia sempre consigo uma faixa rosa amarrada na cintura. Gostava de usar argolas de ouro e um cordão também de ouro com um pingente de quartzo rosa. Nos dedos anéis com pingentes de moedas antigas, de sol, de lua, de estrela e também de sino.
Sua característica mais marcante é o seu jeito de dançar. Por ter nascido na Índia, ter vivido muito tempo no Marrocos e também pela origem espanhola, sua dança carregava a inspiração desses locais, tendo uma forma única e diferenciada de dançar. Tinha o seu próprio estilo e tocava as castanholas como ninguém. Seus traços são espanhóis, mas a forma de se portar e de conversar são tipicamente marroquinas, onde vivem parte de sua infância e adolescência e onde fez muitos amigos. Ela costuma trabalhar, assim como sua mãe, na linha do amor.