sexta-feira, 27 de março de 2020

Vida - Texto de Reflexão - Religião - Coronavírus (COVID-19)

  


A todos os irmão do sagrado, irmão de fé, irmão da vida, nesse momento guiados por Olorun e os Orisas, guiados por nossos mentores e guias, façamos nossa parte 
FIQUEMOS EM CASA
 Todos estão trabalhando por nós no mundo espiritual!

 Ogum guardou sua espada; 
 Iansã/Oya acalmou seus ventos; 
 Osun deixou de lado seu espelho e em silêncio se pôs a chorar; 
 Yemanjá aquietou as ondas; 
 Os Marinheiros ancoraram em alto mar e, em silêncio, ficaram a contemplar o mar; 
 Osóssi e seus Caboclos na mata decidiram ficar! Ninguém se quer os ouvia bradar. 
 Sangô, do alto da pedreira, em silêncio, ficou a observar. 
 O Boiadeiro guardou seu laço e protegeu sua boiada e seu berrante, deixou de tocar. 
 O acampamento Cigano, outrora alegre, hoje, sem ciganas a bailar, sem pandeiros a tocar, sem cartas a revelar o futuro. 
 Os Baianos não se fazem escutar; Os Erês estão quietinhos ao lado de OXALÁ! 
 Seu Zé ninguém vê dançar, e a Malandragem alegre não desce o morro para conversar. 
 Os Esus caminham silenciosamente pela encruzilhada a observar. 
 As Marias, as Rosas, nossas amadas, Senhoras Pombogiras formosas, não surgem a luz do luar com suas saias a rodar. 
 Na Calunga, profundo silêncio... 
 Na Senzala os Vovôs e as Vovós, com o rosário na mão, intervém junto às Santas Almas pela nossa salvação. 
 Todos em silêncio, clamando a Omulu e sua mãe, Nanã Buruquê, que não nos deixem mais padecer e que venham nos valer. Ajibero - Atotô! Saluba Nanã!


Somos de candomblé, ou seja no período em que estamos, chamado de quaresma, cobrimos nossos Orisas deixando apenas Sango para tomar conta de tudo por nós, devo-lhes lembrar que esse ano tbm é ano de Sango e muita revira volta ainda irá acontecer.
Devemos então pedir Agô a Sangô pedindo ao mesmo que interceda em nosso pedido a Omulu, para que leve nosso pedido ao senhor das Curas, e só então realizar nossa prece, nossa oração a Omulu, pedindo por misericórdia, pedindo para que o senhor, único senhor que "bate" de frente com Ikú, para que não leve as pessoas que ainda não atingiram seu tempo, pedindo para que o mesmo com todo o seu poder possa curar o mundo da peste que estamos vivendo, peste essa talvez causada por nós mesmos, que Omulu possa trazer o perdão junto com a cura!
Ajibero meu Pai! Atoto (1 minuto de silencio)!


domingo, 8 de março de 2020

Fazer o santo


Falaremos um pouco sobre a iniciação no Candomblé, assunto esse que gera muitas dúvidas na cabeça das pessoas, ainda mais as pessoas que ainda irão se iniciar pois não sabem o porquê de muitos atos e muitas das coisas que acontecem também não serão ditas nesse artigo, pois tratam- se de fundamentos e serão descobertos apenas após a iniciação!

Fazer o santo é uma decisão muito séria e você precisa ter certeza se realmente é isso que quer, seja um Abiã pelo tempo que for necessário, pelo maior tempo possível, olhe a casa que você está, avalie essa casa, o seu zelador, a sua família de santo, e só ai tenha certeza que esse lugar é o seu lugar!
A feitura no santo significa um renascimento, tudo será novo na sua vida, você se torna um Iyawo, você receberá um novo nome que passará a ser chamado dentro do terreiro de Candomblé!
A feitura tem por início no recolhimento. São 21 (vinte e um) dias de reclusão, e neste prazo são realizados banhos, boris, oferendas, ebós, todo o aprendizado começa, as rezas, as danças, as cantigas…
Nesse período de reclusão são feitos vários atos, um deles é a raspagem dos cabelos chamado de Catular (cortar o cabelo para raspagem), raspar é a limpeza da cabeça que ocorre no Orô, e o Osu é o alto da cabeça (Moleira), representa o canal de comunicação entre o Orisa e o iniciado.
O Iyawo usará o kelê, os delogun, o mokan, o xaorô, os ikan, o ikodidé. O filho de santo terá que passar agora por um ritual, onde terá seu corpo pintado com giz, denominado efun. Ele deverá passar por este ritual de pintura
O Abiã terá agora que assentar seu Orisá e ofertar-lhe sacrifícios de animais de acordo com as características de cada um. Feito isso ele passa a se chamar Iyàwó.
Após o período de reclusão onde todos os atos foram feitos existe a festa ritualística que representa o final desse peiodo onde chamados de Saida do Iyawo, onde ele será apresentado a comunidade.
Deitado sobre uma esteira, ele saudará com Dobalé ou Ika e paó, que são palmas compassadas que serão dadas a cada reverência feita pelo Iyàwó e acompanhadas por todos presentes, como demonstração de que a partir daquele momento ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada.
Primeiro de tudo ele saudará a porta principal da casa, o mundo.
Segundo saudará a comunidade, o seu pilar, o seu centro, o Isé
Terceiro, frente aos atabaques que representam as autoridades presentes.
O Orixá a primeiro momento somente poderá dar o jicá.
Só após a queda do kelê ou perídio estipulado de nação para nação, somente com 1 ano de iniciado o Orisá poderá dar seu ilá (grito de guerra).
O momento mais esperado da festa ritualística é o momento do Orukó, onde o Orisa gritará o nome de iniciação do seu filho e partir daí que começa a sua contagem de anos dentro do candomblé, o momento Orukó faz parte de uma das suas saídas de apresentação, chamadas de Muzemza.
Após a festa o Iyawo será levantado da sua reclusão, porem permanecerá de resguado até a retirada do Kelê, são 3 meses seguindo os mesmo preceitos e atos só que agora em sua residência.
Nesse perido de 3 meses ele não poderá utilizar talheres para comer, deve continuar a sentar-se no chão sobre a esteira durante as refeições, está proibido de utilizar outra cor de roupa que não o branco da cabeça aos pés, não poderá fazer uso de bebidas alcoólicas, cigarro, sexo, E nem tão pouco sair à noite!
Não pode com o Calor do Sol e nem com Sereno, e até que se complete 1 (um) ano, os seus preceitos continuarão.


“Vale dizer que o transe é imprescindível para que uma pessoa seja iniciada como adosu, pois, a manifestação faz parte da liturgia dos Orisás e ele está em cada um de seus filhos. Isso é muito importante, porque só os adosu podem assumir determinadas funções sacerdotais, como os cargos de Iyalorisá ou Babalorisá. Sendo assim, uma pessoa que tem em seu odu a missão sacerdotal, somente quem incorpora seu Orisá, deve ser iniciada como adosu e nunca como Ogãn ou Ekede, que já são Ijoyé natos e jamais poderão entrar em transe de orisá”

domingo, 23 de fevereiro de 2020

A importância do Paó

A IMPORTÂNCIA DO PAÓ :
Pawo (Paó), tradução- bater palmas; forma abreviada de Ìpatéwo, subs., aplauso, bater palmas com a mão.
Pawo, não é simplesmente um bater de palmas ou aplausos nas religiões de matriz africana e sim um rito compassado e de grande profundida que mesmo em tempos atuais, está longe do entendimento de muitos adeptos.
A diversidade de ritmos e compassos varia muito de Nação para Nação do Candomblé, ou seja, algumas seguem batendo as palmas das mãos em 1-2- 3/1-2-3-4-5-6 ou 1-2-3/1-2-3-4-5-6-7 enquanto outras linhagens apenas 1-2-3 e diminuindo o ritmo até que nada mais se ouça.
O pawo é utilizado para expressar respeito, devoção, para invocar a energia ou para finalizar um ritual ou Oração. O “pawo” tem um sentido quando se antecede um ritual e outro quando se finaliza, assim como, quando nos ajoelhamos ou prostramos diante de nossas Divindades e de nossos Superiores.
O pawo é democrático, do simpatizante ou ancião de uma família de axé o utiliza, mais é na iniciação no Candomblé que ele se evidencia e se torna muito importante para o iniciado, pois além de fazer parte de vários rituais até para chamar alguém o novo Yawo (iniciado) utiliza do pawo.
Cada nação tem o seu entendimento, mas todas concordam no fato de que se trata de um “Sagrado Bater de Palmas”.
O paó na comunicação com os Orixás, representa o respeito, reverência e submissão do iniciado perante o mistério do Orixá, despertando suas energias e o evocando; uma maneira de dizer “aqui estou para reverenciá-lo, por favor olhe por mim”.
Alguns estudiosos da língua dizem que esta palavra Iorubá é a junção de duas palavras, reforçando a idéia de que esta é uma saudação que desperta na Terra, as energias dos Orisás.
“pa” = juntar uma coisa com outra
“ó” = cumprimentar
Este gesto milenar remete ao som da chuva caindo sobre o solo e batendo no barro, fazendo com que a natureza dê frutos, germine, fertilize e crie vida.
Àṣẹ!