domingo, 29 de março de 2020

Mensagem de Reflexão - Terreiros de Candomblé


Ekede para sua família do Sagrado, sua família do Ase





Ontem realizamos um ato de fazer uma entrega pedindo misericórdia a Omulu, pedindo que interceda na Peste do Mundo!!
O ato que realizamos ontem me fez refletir muito sobre as nossas vidas, sobre a igualdade, sobre solidariedade, sobre família, sobre irmandade!!
Nem todos compartilharam suas fotos ou realizaram o ato em si, mais devem ter seus motivos, uns não tiveram tempo, alguns estavam trabalhando, outros apenas escolheram fazer outra coisa...
Chegou o momento de olharmos pra dentro de nós mesmos, de refletir sobre as nossas atitudes, de pensar no outro, de pensar em nossos irmãos..
Estamos perdemos pessoas, será que somente eu enxergo isso?
Quem aqui nunca errou? 
Quem nunca cometeu falhas? Falhas gravíssimas que aos olhos do agora seriam imperdoáveis e foi perdoado da mesma forma, talvez punido, porem perdoado!
Quem nunca faltou ao respeito com sua Iyalorisa, mesmo que pelas costas? (sabemos de tudo) e foram perdoados...
Quem nunca faltou ao respeito com sua Ekede mesmo que pelas costas? E foram perdoados...
Quem nunca aceitou uma situação por obrigação e não por amor, por respeito e não por querer?
Quem aqui nunca teve um pensamento errado? Quem aqui nunca falou mal e desejou mal? 
Todos carregam  o lado bom e lado ruim e só depende de nós escolhermos qual vamos seguir.
Quem nunca pensou em deixar pra trás o que te faz bem por causa de outra pessoa? 
Quem nunca pensou em abandonar tudo em uma situação difícil?
Somos seremos humanos, erramos! E erramos feio, erramos na vida, erramos com nossa família dentro do Asé, com nosso sagrado, erramos com nossos irmãos, erramos com nossos pensamentos, erramos com nós mesmo!
Esse sagrado que nos mantém em pé, esse sagrado onde deixamos os problemas de fora para louvar ao Orisa, louvar nossas entidades, louvar a nossa vida!
Estamos em tempos de deixar briguinhas, fofoquinhas, ciúmes, entre outras coisas pra trás.
Estamos em tempo de amar, amar a nós mesmos para conseguirmos amar o próximo.
Tempo de nos perdoarmos, tempo de deixarmos essas energias negativas pra trás, tempo de deixar as desavenças pra trás, tempo de pedirmos perdão a nossa família, nossos irmãos, tempo de pedir perdão a Olorun, aos Orisás, tempo de perdoar a nós mesmos, dentro de nós! Esse eh o verdadeiro perdão, aquele que esta dentro de nós!

Perguntaram-me se já tinha me arrependido de alguma escolha que decidi na vida! 
Sorri e respondi que não me arrependo das minhas escolhas, se as escolhi eh porque antes algo não ia bem, apenas aperfeiçoei! (Não fique pensando no que deixou pra trás, o que já passou, não volta mais) 
Faça das suas escolhas motivo de honra, pois você eh o único responsável por elas. 
Busque “o mais perfeito para sua vida e das pessoas que vcs amam...”

Às vezes fazemos escolhas erradas, mas não cabe arrependimento a nenhuma delas, a escolha que não foi felicidade, com certeza foi um aprendizado... Por isso estamos aqui nesse mundão para aprender, aprender e evoluir sempre...
Deixo aqui meu Perdão..
Perdoe-me Meu Pai Olorun
Perdoe-me minha mãe Yemanja
Perdoe-me Minha mãe, mãe duas vezes, Fatima e Iyalokun
Perdoe-me meus iluminados Orisás
Perdoe-me meus filhos

Kolofé Mãe
Kolofé minha família!!!

sexta-feira, 27 de março de 2020

Vida - Texto de Reflexão - Religião - Coronavírus (COVID-19)

  


A todos os irmão do sagrado, irmão de fé, irmão da vida, nesse momento guiados por Olorun e os Orisas, guiados por nossos mentores e guias, façamos nossa parte 
FIQUEMOS EM CASA
 Todos estão trabalhando por nós no mundo espiritual!

 Ogum guardou sua espada; 
 Iansã/Oya acalmou seus ventos; 
 Osun deixou de lado seu espelho e em silêncio se pôs a chorar; 
 Yemanjá aquietou as ondas; 
 Os Marinheiros ancoraram em alto mar e, em silêncio, ficaram a contemplar o mar; 
 Osóssi e seus Caboclos na mata decidiram ficar! Ninguém se quer os ouvia bradar. 
 Sangô, do alto da pedreira, em silêncio, ficou a observar. 
 O Boiadeiro guardou seu laço e protegeu sua boiada e seu berrante, deixou de tocar. 
 O acampamento Cigano, outrora alegre, hoje, sem ciganas a bailar, sem pandeiros a tocar, sem cartas a revelar o futuro. 
 Os Baianos não se fazem escutar; Os Erês estão quietinhos ao lado de OXALÁ! 
 Seu Zé ninguém vê dançar, e a Malandragem alegre não desce o morro para conversar. 
 Os Esus caminham silenciosamente pela encruzilhada a observar. 
 As Marias, as Rosas, nossas amadas, Senhoras Pombogiras formosas, não surgem a luz do luar com suas saias a rodar. 
 Na Calunga, profundo silêncio... 
 Na Senzala os Vovôs e as Vovós, com o rosário na mão, intervém junto às Santas Almas pela nossa salvação. 
 Todos em silêncio, clamando a Omulu e sua mãe, Nanã Buruquê, que não nos deixem mais padecer e que venham nos valer. Ajibero - Atotô! Saluba Nanã!


Somos de candomblé, ou seja no período em que estamos, chamado de quaresma, cobrimos nossos Orisas deixando apenas Sango para tomar conta de tudo por nós, devo-lhes lembrar que esse ano tbm é ano de Sango e muita revira volta ainda irá acontecer.
Devemos então pedir Agô a Sangô pedindo ao mesmo que interceda em nosso pedido a Omulu, para que leve nosso pedido ao senhor das Curas, e só então realizar nossa prece, nossa oração a Omulu, pedindo por misericórdia, pedindo para que o senhor, único senhor que "bate" de frente com Ikú, para que não leve as pessoas que ainda não atingiram seu tempo, pedindo para que o mesmo com todo o seu poder possa curar o mundo da peste que estamos vivendo, peste essa talvez causada por nós mesmos, que Omulu possa trazer o perdão junto com a cura!
Ajibero meu Pai! Atoto (1 minuto de silencio)!


domingo, 8 de março de 2020

Fazer o santo


Falaremos um pouco sobre a iniciação no Candomblé, assunto esse que gera muitas dúvidas na cabeça das pessoas, ainda mais as pessoas que ainda irão se iniciar pois não sabem o porquê de muitos atos e muitas das coisas que acontecem também não serão ditas nesse artigo, pois tratam- se de fundamentos e serão descobertos apenas após a iniciação!

Fazer o santo é uma decisão muito séria e você precisa ter certeza se realmente é isso que quer, seja um Abiã pelo tempo que for necessário, pelo maior tempo possível, olhe a casa que você está, avalie essa casa, o seu zelador, a sua família de santo, e só ai tenha certeza que esse lugar é o seu lugar!
A feitura no santo significa um renascimento, tudo será novo na sua vida, você se torna um Iyawo, você receberá um novo nome que passará a ser chamado dentro do terreiro de Candomblé!
A feitura tem por início no recolhimento. São 21 (vinte e um) dias de reclusão, e neste prazo são realizados banhos, boris, oferendas, ebós, todo o aprendizado começa, as rezas, as danças, as cantigas…
Nesse período de reclusão são feitos vários atos, um deles é a raspagem dos cabelos chamado de Catular (cortar o cabelo para raspagem), raspar é a limpeza da cabeça que ocorre no Orô, e o Osu é o alto da cabeça (Moleira), representa o canal de comunicação entre o Orisa e o iniciado.
O Iyawo usará o kelê, os delogun, o mokan, o xaorô, os ikan, o ikodidé. O filho de santo terá que passar agora por um ritual, onde terá seu corpo pintado com giz, denominado efun. Ele deverá passar por este ritual de pintura
O Abiã terá agora que assentar seu Orisá e ofertar-lhe sacrifícios de animais de acordo com as características de cada um. Feito isso ele passa a se chamar Iyàwó.
Após o período de reclusão onde todos os atos foram feitos existe a festa ritualística que representa o final desse peiodo onde chamados de Saida do Iyawo, onde ele será apresentado a comunidade.
Deitado sobre uma esteira, ele saudará com Dobalé ou Ika e paó, que são palmas compassadas que serão dadas a cada reverência feita pelo Iyàwó e acompanhadas por todos presentes, como demonstração de que a partir daquele momento ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada.
Primeiro de tudo ele saudará a porta principal da casa, o mundo.
Segundo saudará a comunidade, o seu pilar, o seu centro, o Isé
Terceiro, frente aos atabaques que representam as autoridades presentes.
O Orixá a primeiro momento somente poderá dar o jicá.
Só após a queda do kelê ou perídio estipulado de nação para nação, somente com 1 ano de iniciado o Orisá poderá dar seu ilá (grito de guerra).
O momento mais esperado da festa ritualística é o momento do Orukó, onde o Orisa gritará o nome de iniciação do seu filho e partir daí que começa a sua contagem de anos dentro do candomblé, o momento Orukó faz parte de uma das suas saídas de apresentação, chamadas de Muzemza.
Após a festa o Iyawo será levantado da sua reclusão, porem permanecerá de resguado até a retirada do Kelê, são 3 meses seguindo os mesmo preceitos e atos só que agora em sua residência.
Nesse perido de 3 meses ele não poderá utilizar talheres para comer, deve continuar a sentar-se no chão sobre a esteira durante as refeições, está proibido de utilizar outra cor de roupa que não o branco da cabeça aos pés, não poderá fazer uso de bebidas alcoólicas, cigarro, sexo, E nem tão pouco sair à noite!
Não pode com o Calor do Sol e nem com Sereno, e até que se complete 1 (um) ano, os seus preceitos continuarão.


“Vale dizer que o transe é imprescindível para que uma pessoa seja iniciada como adosu, pois, a manifestação faz parte da liturgia dos Orisás e ele está em cada um de seus filhos. Isso é muito importante, porque só os adosu podem assumir determinadas funções sacerdotais, como os cargos de Iyalorisá ou Babalorisá. Sendo assim, uma pessoa que tem em seu odu a missão sacerdotal, somente quem incorpora seu Orisá, deve ser iniciada como adosu e nunca como Ogãn ou Ekede, que já são Ijoyé natos e jamais poderão entrar em transe de orisá”