quarta-feira, 20 de abril de 2016

EBÓ EJÉ (Sacrifício)

Sacríficio é uma palavra que devemos ressaltar em nosso culto, quando ofertamos qualquer elemento ao Òrìsá devemos tratá-lo também como EBÓ.
Ebó é todo elemento que é oferecido a uma força espiritual, seja ela de que natureza for, ajogun (forças negativas), irunmolé (òrìsás que não são funfun-branco) ou òrìsá funfun.
A maioria das pessoas que consomem carne não se preocupa com a origem deste animal, seu abate e posterior comercialização, estão desconectados da realidade. Menciono também os vegetarianos, que ao tirar da terra legumes, verduras e hortaliças, também estão tirando vidas, neste caso, eliminando a seiva, sangue verde, a respiração, a fotossíntese, deixando de ser um ser vivo para lhe dar a vida.
Dentro do Culto Ioruba a imolação de animais é tratada com respeito, Aduras e Orikis, onde este sangue estará dando vida a outros e fertilizando a própria terra.
Há um itan onde Olodumarè determina que a terra, Onilè, será o principal receptáculo de todo oferecimento.
Dentro de Ifá, nos Odu Irete-meji e Oturupon’turá, Òrúnmìlá determina a troca dos seres humanos pelo dos animais, foi quando a cabra substituiu a filha de Òrúnmìlá no ritual de ebó ejè.
A permanência do ser humano sobre a Terra exige sacrifícios constantes. 
Sacrifício de tempo e de privação de algo em detrimento de outro, o sacrifício das transformações e a oferta de dinheiro à custa de esforço através do trabalho, todos girando em um processo interminável que se resume a dar e receber.
Os sacrifícios de animais praticados pela religião iorubana, vão além do ASÈ, servem para alimentar o povo, pois a carne é consumida pelo egbè.
Note-se que a vida animal oferecida através de ebó, dentro do Culto Yoruba, é rezada e seu espírito enviado  com todo o respeito a terra dos ancestrais e para os nove espacos do orun..
EBÓ.
Uma das três formas de asé encontrada  no reino animal é o Ejé, o sangue.
O sangue que nos dá a vida em sua plenitude, sempre foi considerado divino, não existe um laboratório que o fabrique, é a força divina em seu estado material.
Tudo incluído na composição da Terra esta contido, também, na composição do sangue. Por exemplo, zinco, água, minerais, ferro, magnésio, etc… Note-se que todos os reinos, seja ele mineral, vegetal ou animal, está contido em nosso sangue e vice-e-versa.
Sacrificar os animais não são regras e as orações específicas da ação dão graças a Deus pelo sacrifício.
Exemplo: O primeiro passo é agradecer a Deus pelo espírito do animal que vai em missão. Então, nós agradecemos a Deus pela comida, a carne que vamos comer, e agradecemos também a Mãe Terra, Onilè, que nos deu este alimento para sobreviver.
Os demais componentes litúrgicos tem sua missão, tais como:
Obi: utilizado como oráculo para conversar com as energias e para onde encaminhar os  ebós, aplacar a ira de energias negativas e a fruta da vida onde no momento de comunhão com os Orisas a pessoa se conecta com sua ancestralidade.
Orobo: utilizado para vida longa, aumento de resistência e perseverança da pessoa, quando utilizado com casca para que um segredo não seja revelado.
Oyin (mel):Utilizado para alegria, bem estar, harmonia, prosperidade e para que algo ou alguém nunca seja desprezado.
Epo (dendê):Elemento de efeito calmante, trás equilíbrio e facilidades.
Iyó (sal):Para sorte e preservação, para que a pessoa consiga manter suas conquistas. Dinheiro e vida longa.
Atare: Utilizado para consagrar o diálogo dar forças as palavras, utilizados em comidas e também para multiplicar os desejos.
Oti ( mais usado em rituais, Gin ) O GIN TEM COMO PRINCIPIO A PURIFICAÇÃO DA PALAVRA. E TAMBÉM O DESPERTAR DA ENERGIA. A FAVOR DO SUPLICANTE.
Owo eró: búzios utilizados para comprar AS DIVIDAS E A FALTA DE DINHEIRO das pessoas.
Moedas antigas: Utilizadas para pagar os Ajóguns (energias negativas que podem ou não estarem ligadas com as Yami.
Osun: usado para que a essência vital, simbolizando o sangue vermelho vergetal, para que o asè e as conquistas não se acabem.
Efun: para atrair o asé, representa a água.
Yerosun: Elemento sagrado de Ifá tem o poder de transmitir o asé de Odú ao que esta sendo feito, ativar o Odú Ifá.
Os Ebós Ejè oferecidos dão movimento ao fluido vital liberado, o asè, que atua fora do campo material tendo o poder de transformação sobre coisas desejadas ou indesejadas que estejam afetando o ser humano.
O que temos que ter em mente é a sacralidade do ato, o silencio, o respeito, as orações, os orikis e os ofós, devem seguir uma ritualistica condizente com o momento, onde todos os participantes, principalmente Onilus e Asogun responsáveis pelo ato sagrado da imolação e o sacerdote proferidor das palavras encantadas.
A Iyábase, responsavel pela sequência do ato liturgico, é por demais importante na finalização do Oro, onde a preparação do eran,  carne, seguirá ordens ditadas pela energia invocada, atraves de Ifá, no jogo de Obi abatá.
Ao se encerrar a missão com todos os elementos colocados aos ‘pés’ do Igbá ou ojubó, igbá coletivo da casa, saberemos se tudo foi aceito por Òlodunmarè, com nova caida do obi, orobo, esun isu (inhame cozido) ou igbin (caracol).
Tudo finalizado damos sequência com a preparação do nosso banquete, onde nos confraternizamos e agradecemos a Olodunmarè e a Onilè o alimento recebido.

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