terça-feira, 27 de agosto de 2019

Maria Navalha! Pombogira ou Malandra? As duas....

Sim, as duas!!!
Maria Navalha é o nome adotado por muitos espíritos com apresentação feminina que trabalham de modo independente, costumam se apresentar na Umbanda, mas também em casas de Candomblé que cultuam entidades. Podem trabalhar como Pombas Giras, especialmente junto à falange de Maria Padilha ou na "Linha dos Malandros".
Do mesmo modo que há uma incompreensão e entendimento sobre Maria Farrapo, o mesmo ocorre com Maria Navalha.
Enquanto Maria Farrapo trabalha com a falange Maria Mulambo, a Pomba Gira Maria Navalha está intimamente ligada à falange Maria Padilha, que foi onde esses espíritos, encontraram oportunidade organizada de trabalho como Pombas Giras.
Não se deve confundir MARIA NAVALHA com MARIA PADILHA DA NAVALHA ou MARIA PADILHA DAS SETE NAVALHAS.
São espíritos especializados em "GENTE", profundos conhecedores dos abismos da alma humana e do que ela tem de mais degradante, e isso devido às próprias e dolorosas experiências pretéritas.
O INSTRUMENTO NAVALHA:
O Símbolo da Malandragem
O instrumento Navalha foi amplamente utilizado, e ainda o é, como instrumento de defesa, dor e morte pelos que viviam a lei por conta própria. Contavam apenas consigo mesmos e sentiam-se apartados de um mundo que lhes socorressem ou protegessem.
A vida era dura: olho por olho e dente por dente.
A navalha tornou-se o símbolo maior da malandragem e seus códigos próprios.
Mas seu significado na Umbanda, além de identificar os Malandros é sua capacidade de cortar, separar, apartar o mal que está fora e principalmente dentro dos seres.

MARIA NAVALHA POMBA GIRA
As Marias Navalhas que trabalham como Pombas Giras podem apresentar as complementações usuais como: da Encruzilhada, do Cemitério, da Praia, do Cabaré, da Calunga, etc. Apresentam ponto riscado de Pomba Gira e comportam-se como tal.
Algumas vertentes da Umbanda não reconhecem Maria Navalha como Pomba Gira apenas como Malandra. E como não chamam essa linha (Malandros), nesses Terreiros essas entidades não trabalham.
Maria Navalha é o braço "esquerdo" de Maria Padilha, sempre cooperando de modo próprio com os trabalhos de Padilha. Não existem rivalidades entre Maria Padilha e Maria Navalha, como alguns sugerem. Do mesmo modo que não existem disputas entre Maria Mulambo e Maria Farrapo.

MARIA NAVALHA MALANDRA:
As que trabalham na falange dos Malandros costumam ter denominações complementares típicas dos mesmos, como: do Morro, da Ladeira, da Lapa, do Forró, do Samba, da Madrugada, da Esquina, do Asfalto, da Boemia, Pé de Valsa, e outros. Outra característica na denominação é a complementação regional: Maria Navalha de Pernambuco, de Minas, Baiana, do Norte, etc..
São mais livres e passionais em suas manifestações, usando trajes mais coloridos e alegres que os tradicionais vermelho e preto das Guardiãs. Também gostam muito de usar chapéu e lenço (usados também por algumas Marias Navalhas Pombas Giras).
Comunicam-se de modo simples e direto, com vocabulário popular, em alguns casos fazendo uso de expressões e gírias típicas da malandragem.
Preferem bebidas como cervejas, batidas, água de coco, caipirinhas e aguardente.
Pedem mais elementos para trabalho e solicitam mais oferendas que as Marias Navalhas Pombas Giras.
As histórias a respeito desses espíritos são repletas de mortes trágicas, traições, paixões, abandono, carência financeira, ausência de estrutura familiar, falta de oportunidades de educação e formação, pobreza e miséria. Uns poucos conseguiram fama e fortuna, com os "recursos" que tinham.
São gentis, simpáticas, as vezes sérias, sempre muito bem vestidas, elegantes, e bem arrumadas, são vaidosas, gostam de receber presentes e adoram perfumes e batons (Principalmente na cor vermelha)
As vezes surgem nomes de entidade, se denominando Malandra, mais nem sempre são, pois como é uma linha nova, existem pessoas que inventam de má fé, nomes que não existem.


Pomba Gira ou Malandra, fato é que Maria Navalha, Maria Navalhada ou Maria das Sete Navalhas, conhece os efêmeros prazeres e as profundas dores do submundo das criações humanas. E como tal, pode ajudar aos que ainda encontram-se presos e comprometidos à essa realidade.
Salve a Pomba Gira Maria Navalha!
Salve a Malandra Maria Navalha!
Cores : Vermelha, Branca e Preta
Guia: Vermelha e Branca
Indumentária: Roupas nessas cores ; Vermelha, Branca preta, muito raro o tom dourado.
Chapéis: Chapéu Panamá, com Fita vermelha, ou preta, também podem usar chapéu branco (sem fitas), podem usar lenços em seus chapéus ou para enfeitar seus cabelos antes de colocar o chapéu, podem colocar rosas ou cravos vermelhos ou branco no chapéu.
Algumas qualidades de malandra gostam de chapéu preto e outras gostam de cartola baixa. Raramente gostam de cartola alta, quando gostam são nas cores tradicionais (Branca e Vermelha)
Algumas usam Calça branca, vermelha ou estampada com estas cores.
Já outras usam Saias, com estampa vermelha e branca, saia branca, saia vermelha, saia com dados, naipes ou cartas de baralho.
Gostam de Blusa listrada (Vermelha e Branca), ou nas cores Preta, Vermelha, Branca. Também gostam de Roupas de seda (como algumas qualidades de Malandro). Também raramente, algumas Malandras, gostam de uma camisa branca (De botões) por cima da camisa listrada.
Flores: Rosas vermelhas, rosas brancas, cravos vermelhos e brancos, também gostam de flor de chuvisco.
Fumo: Cigarros de palha, Cigarros de filtro vermelho ou Cigarros com sabor. Existem ainda as raras exceções de Malandras que fumam Charuto.
Bebida: Cerveja Branca, Cerveja Preta, Batida, Pinga de Coquinho, Conhaque e raramente Whisky ou cachaça (pinga).
Objetos: Dados, Navalha, Punhal, Baralho.
Pontos de força: Lapa, Cabaré, Morro, Esquinas, Encruzilhada, Cais do Porto, Cruzeiro das Almas, Calunga (Pois como nossos amigos Malandros, trabalham também com as almas)
São boas amigas, trabalham ajudando as pessoas a largas vícios (Drogas e Álcool) também trabalham desmanchando magia negra, trabalham para assuntos financeiros, e as vezes até tiram seus protegidos e protegidas de enrascadas, também trabalham para amor

Malandra Maria Navalha e sua Falange:

-- Maria Rosa Navalha
– Maria Navalha do Cabaré
– Maria Navalha da Lapa
– Maria Navalha da Calunga
– Maria Navalha das Almas
– Maria Navalha da Estrada
– Maria Navalha do Cais

E outras Malandras…

– Malandra 7 Navalhadas
– Malandra 7 Navalhas
– Malandra Maria 7 Navalhas
– Malandra do Cabaré
– Malandra Rosa do Cabaré ou Rosa Malandra do Cabaré
– Malandrinha do Cabaré
– Malandra Maria do Baralho e Malandra do Baralho
– Malandra do Morro ou Malandrinha do Morro
– Malandra da Lapa ou Malandrinha da Lapa ; Malandra do Cabaré da Lapa
– Malandra Rosa da Lapa
– Malandra das Rosas Vermelhas dos Arcos da Lapa
– Malandra da Rosa Vermelha ; Malandra Rosa Vermelha ( Sendo ela da Lapa, Cabaré)
-Malandrinha das Rosas Vermelhas ; Malandrinha da Rosa Vermelha
– Malandra das Almas ou Malandrinha das Almas
– Malandra das 7 Encruzilhadas
– Malandra Maria do Cais ; Malandrinha do Cais ; Malandra da Beira do Cais
– Malandra 7 Saias do Cabaré
– Malandra da Estrada ; Malandrinha da Estrada
– Malandra da Bahia ; Malandrinha da Bahia
– Malandra Maria da Boêmia
– Malandra dos Arcos da Lapa entre outras;
Salve as nossas Amadas Malandras, Salve a Malandragem!
Que Deus possa sempre Iluminar sempre essas falanges que tanto nos quer Bem!

História da Pomba Gira Maria Navalha.
Maria Navalha – A primeira Pomba-gira brasileira?
Os velhos Tatas do Rio de Janeiro de antanho, grandes conhecedores da Magia Africana, gostavam de contar a pitoresca história de Dona Maria Navalha.
Para alguns ela foi a primeira Pomba Gira brasileira. Sim! Afinal, a querida Maria Padilha foi espanhola, e a Bruxa de Évora, a Pomba-gira mais antiga, nasceu em Portugal.
Maria Navalha foi brasileira legítima e carioca do bairro da Gamboa, zona portuária da cidade maravilhosa.
Sua história começou no final do século XIX, quando o bairro ganhou a primeira favela que se tem notícia, lá no Morro da Providência. Foi onde nasceu e cresceu uma mestiça de nome Maria. Linda, alta, forte, dona de um olhar magnético que chamava a atenção. Os sofrimentos da infância deram-lhe uma personalidade determinada e valentia. Aprendeu a se virar sozinha, pois desde cedo perdeu os pais e foi morar na rua.
Uma menina abandonada não tem muita opção, e logo ela foi introduzida no mundo da “vida noturna” e da malandragem, onde teve famosos mestres e mestras que a iniciaram na vida noturna. Foi nas ruas, cabarés e bares que a jovem Maria construiu sua fama e adquiriu seu “apelido”. Contam que ela bebia como um marinheiro, fumava como um estivador e brigava como um leão de chácara, mas sem perder a feminilidade. Capoeiristas famosos a respeitavam e tinha homem grande que tremia diante dela. Escondida no belo corpo sempre levava uma afiada navalha.
Com seu gênio briguento conseguiu muitos inimigos. Nenhum deles tinha coragem de enfrentá-la de frente, cara a cara.
Toda Sexta-feira era sagrada para Maria. Ela se arrumava e ia para a Macumba, culto sincrético e respeitado nos ambientes mágicos do Velho Rio de Janeiro.
A sessão começava tarde da noite e, no pequeno barracão do morro, ao som dos atabaques e cantigas, os Deuses da África e os Eguns baixavam juntos. Assim era o alegre canjerê, tudo misturado e sem uma ordem formal. Aqui rodava um Orixá, ali consultava um caboclo do mato e ao lado pitava um preto velho.
A Macumba era o culto do povo, dos simples e dos sofridos… Não era um antro de magia negra ou templo do demônio. Isso era o que diziam os preconceituosos de plantão, racistas, carolas e endinheirados ignorantes. Este tipo de gente ainda gosta de criticar as religiões de matrizes caboclas e africanas.
Foram nestas históricas Macumbas cariocas que as almas dos primeiros Exus baixaram (refiro-me aos espíritos e não ao Orixá).
Somente mais tarde, com o advento da religião de Umbanda, é que estes trabalhadores do Mundo Invisível vão ser reconhecidos em sua total grandeza e sobrenatural mistério. Nesta época Exu era, sobretudo, o amigo do pobre, do desvalido, do injustiçado e da prostituta. O Rei da Noite e o Imperador da Macumba.
Dona Maria Navalha ouviu muito os conselhos dos Exus, despachou nas escuras encruzilhadas do porto, fabricou talismãs e usou figas. Ensinou banhos e simpatias para as colegas de trabalho, ouviu problemas dos clientes e enxugou lágrimas de muitas vizinhas. Era uma alma generosa dentro do corpo de uma guerreira.
A primeira parte da vida desta mulher terminou numa noite sem Lua. Ao cruzar um beco foi surpreendida por trás e levou uma fatal facada de um inimigo. Morreu na rua onde viveu e trabalhou. Começava a segunda parte de sua vida. Faleceu a Maria mulher e nasceu a Maria entidade!
Depois surgiram as lendas e muitas coisas foram ditas a respeito dela. Contam que foi amante de Zé Pelintra e até que o matou! Que ela teve trinta e três maridos, amantes estrangeiros etc. Dona Maria Navalha entrou para a história e virou mito. O certo é que depois de morta ficou mais viva que nunca.
Certa noite, desta vez lindamente enluarada, durante uma sessão de Macumba no morro, Dona Maria baixou no terreiro… Incorporou numa menina negra magrinha que estava num canto. Maria Navalha ergueu aquele frágil corpinho, tomou um aspecto imponente e falou para a assembleia que ficou maravilhada!
Assim surgiu a primeira Pomba-gira do Brasil, antes mesmo da Umbanda ter nascido. Um dos Pontos de Maria Navalha canta:
“Mulher de malandro tem nome
E se conhece pela saia
Vara curta e onça brava
Ela é Maria Navalha!”
Por Edmundo Pellizari
Nomes:
Maria Navalha
Maria Navalhada
Maria Analha
Seu ilá é de guerra, pois vem por Oyá, mas não gosta de ser mandada. É vesga. Dança lindamente como uma mulata do olodum. Perigosa e verdadeira. Diz que nunca foi mãe, nem casada, nem teve casa.
Lendas (outra historia)
Uma pombagira pouco conhecida. No cais da Bahia, junto ao mercado modelo, onde os saveiros descarregavam frutas, cacau, fumo, viveu a pombagira Maria Navalha. Malandros, marinheiros cheirando a sal, vendedores de acarajé, capoeiristas, eram os seus companheiros. Ela usava uma saia estampada de chitão, uma blusa preta de babados, um chapéu negro prendendo seus cabelos vermelhos e dançava na roda de malandros.
Cai a noite e o amor "áis" de amor se ouviam nos saveiros, nas ruas pobres de salvador. E lá estava ela, com sua navalha na liga, sua defesa de mulher-dama ( mulher que vendia o amor ) para os que não queriam pagar. Jovem pobre, feiticeira, frequentadores dos candomblés que enchiam as madrugadas com os sons dos atabaques, ela ganhava a vida pelo amor e pelo jogo de ronda. Companheira dos malandros, dos marujos, dos bambas das ladeiras do velho pelourinho, amante ardente e carinhosa, mas com gênio forte, ela ganhou o nome de Maria Navalha dos velhos eluôs baianos. Moça vinda do interior da Bahia, sozinha, fazia ela mesmo suas roupas e nunca deixava seu chapéu preto brilhoso. Amou coronéis de cacau, jogadores dos cassinos, marujos tatuados, mas seu grande amor foi o malandro Zé pelintra da meia-noite.
Hoje, baixa na linha de exu, perigosa pombagira malandra, carteia e faz ebós diferentes, não como a famosa Maria Padilha e Molambo. Mas não pense que ela é fraca. Força de magia, faz trabalhos costurados, com caco de vidros, bebe suas cervejas, fuma seus cigarros e quando chega na banda do templo de magia cigana traz uma alegria incrível. Morreu há 55 anos e fala que no cais moram crianças abandonadas, bêbados, pretas com seus tabuleiros em X, pobres sem casa, carteadores, mulheres da noite.

Pontos Cantados

Ela é Maria navalha
Mora na beira do cais
É mulher de Zé malandro
Zé pelintra e outros mais
________________________________________
Eu vou beber
vou farriar
para a polícia me levar
eu moro em Casa Amarela
lá nas sete encruzilhadas
e quem quiser saber meu nome
sou eu Maria Navalha.
________________________________________
Mulher de malandro tem nome
e se conhece pela saia
vara curta e onça brava
ela é Maria Navalha

ORAÇÃO A MARIA NAVALHA.
"Salve Deus pai criador do universo
Salve Oxalá força divina do amor, exemplo vivo de abnegação e carinho
Bendito seja o Senhor do Bomfim
Bendita seja a Imaculada Conceição
Salve Maria Navalha, mensageira de luz,
guia e protetora de todos aqueles que em nome de Jesus praticam a caridade
Salve Maria Navalha, o sentimento suave que se chama misericórdia
Dai-nos o bom conselho
Dai-nos proteção
Dai-nos apoio, instrução espiritual que necessitamos
Para dar aos nossos inimigos, o amor e a misericórdia, que devemos pelo amor de Nosso Senhor Jesus Cristo
Para que todos os homens sejam felizes na terra, e possam viver sem amarguras, sem lágrimas e sem ódios
Tomai-nos Malandra Maria Navalha sob vossa proteção, desviai-nos dos espíritos atrasados e obsessores, enviados por nossos inimigos encarnados e desencarnados e pelo poder das trevas.
Iluminai nosso espirito, nossa alma, nossa inteligência e nosso coração abrasando-nos na chama o vosso amor por nosso Pai Oxalá.
Valei-nos Maria Navalha nesta necessidade, concedei-me a graça do vosso auxilio junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo em favor desde pedido (fazer o pedido)
E que Deus nosso Senhor em sua infinita misericórdia, nos cubra de bençãos e aumente a vossa luz e vossa força, para que mais e mais possa espalha sobre a terra a caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo"

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